SOMENTE 4% DOS JOVENS BRASILEIROS DOMINAM A MATEMÁTICA!!
No lançamento do Instituto Serrapilheira, no Impa (Instituto
de Matemática Pura e Aplicada), em março de 2017, Branca e João Moreira Salles
foram questionados sobre o que os levava a investir parte do patrimônio no
financiamento da ciência e da disseminação da cultura científica.
João contou a história de quando se surpreendeu com o
tamanho de sua turma no curso de Cinema na PUC-Rio: 30 alunos. Pareceu-lhe
excessivo, em um país que nem sequer tem indústria cinematográfica. Cruzou o campus
para descobrir quantos estudavam matemática: eram apenas dois. "Um país
que forma muito mais cineastas que matemáticos caminha para a catástrofe
""a qual será muito bem filmada, sem dúvida, mas continuará sendo uma
catástrofe", concluiu.
O problema da matemática no Brasil vai muito além da
escassez de alunos, claro. Alguns anos atrás, dois professores da Unicamp
questionaram a utilidade de abrir mais vagas de engenharia nas universidades.
Marcelo Knobel, atual reitor da Unicamp, e seu colega Fernando Paixão tomaram
como ponto de partida os resultados do Pisa (Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes), realizado a cada três anos pela Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, com jovens de 15 anos de mais de 70
países.
Os resultados do Pisa são classificados em seis níveis. Na
matemática, o nível dois é considerado necessário para o exercício da
cidadania, e o nível quatro é o mínimo requerido para carreiras nas áreas
tecnológicas. Os resultados, infelizmente, são eloquentes: menos de 4% dos
nossos jovens alcançam o nível quatro ou mais na prova. Na Austrália são 38%,
no Canadá, 43%, na Coreia do Sul, 52%.
Ainda segundo os mesmos autores, os 1.500 cursos de
engenharia existentes no país ofereciam cerca de 150 mil vagas por ano, mas só
formavam 30 mil. A deficiente formação em matemática tem, sem dúvida, um papel
determinante nessa elevadíssima taxa de evasão. Engenharia, computação,
aeronáutica e tantas outras, são áreas que exigem conhecimento matemático. O
Brasil está deixando de formar dezenas de milhares de profissionais de
carreiras necessárias para o desenvolvimento do país.
Dados recentes mostram que há avanços no ensino fundamental,
especialmente no primeiro ciclo, mas a situação no ensino médio tende a
degradar-se: em 2015, apenas 7,3% dos alunos que concluíram a educação básica
atingiram nível satisfatório de aprendizado em matemática, e esse percentual
cai para 3,6% nas escolas públicas. Mesmo sendo o resultado de uma combinação
perversa de fatores, é uma demonstração contundente do fracasso do modelo ainda
vigente no nosso ensino médio.
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