EDUCAÇÃO INCLUSIVA É TEMA NACIONAL EM SEMINÁRIO!!
A Educação inclusiva foi tema de
seminário que reuniu ao menos 200 profissionais da área, nesta sexta-feira
(17), na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). O Amazonas foi
representado pelo professor de Braille Carlos Fragata, do município de
Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), que contou as experiências e desafios
para promover a inclusão no município e em cidades vizinhas.
Entre as propostas, ele sugeriu a
criação de uma única cartilha indígena em libras, braile e em tinta. “Nós já
produzimos uma cartilha na língua materna no sistema Braille e temos orgulho de
dizer que é a única do Brasil. Mas precisamos de mais. Queremos que todos os
alunos, indígenas ou não, compreendam as linguagens e sistemas e ajudem um ao
outro, isso é inclusão”.
O evento foi realizado em
comemoração aos 70 anos da Fundação Dorina Nowill e discutiu os avanços e
possibilidades para a promoção da inclusão. Os participantes ressaltaram,
principalmente, a importância e o apoio do professor e da sociedade no papel de
estimulador do aluno com deficiência.
“O ser humano só consegue ter
qualidade de vida se interagir com a sociedade e com as pessoas. Grandes coisas
começam com pequenas ações e nós temos que fazer as transformações nessa
sociedade. Por isso, acreditamos que essas ações devem ser executadas tanto
pelo poder público quanto pela sociedade”, frisou a presidente da fundação, Ika
Fleury.
Especialista em educação
inclusiva, a pedagoga Ana Cláudia Domingues explica que ainda há resistência do
professor em enxergar o aluno com deficiência. “Ele enxerga a deficiência em
primeiro lugar, quando na verdade é preciso entender que se ele não se
apropriar e chegar junto desse aluno com deficiência, seja qual for, ele não
vai trazer o aluno pra perto dele. É preciso que o profissional busque
estratégias para desenvolver um trabalho de inclusão”.
Ela ressaltou, ainda,que o
processo acontece de fato entre a relação educador com o aluno. “O professor da sala regular precisa
acreditar neste aluno, estimular e empoderar efetivamente, pois só assim a
aprendizagem acontece”.
Doutora em educação inclusiva
pela Universidade de São Paulo (USP), professora Shirley Maia explicou que umas
das estratégias que deve ser trabalhada é a educação com ensino colaborativo.
“A educação é para todos, não tem que ter uma diferenciação. Devemos pensar que
tem muitas crianças que não são deficientes e que também possuem muitas
dificuldades. Por isso uma boa estratégia é trabalhar uma ação conjunta entre
professores da educação especial e do ensino comum”.
Só na rede municipal de educação
de Manaus, há quase quatro mil alunos inclusos. Embora apenas 142 escolas de um
total de 484 sejam adaptadas, o trabalho na área de educação especial já
recebeu várias premiações, como o primeiro lugar no prêmio Professores do
Brasil em dezembro do ano passado, com o projeto “Mãos na roda: recreação
inclusiva no espaço escolar da educação infantil”, desenvolvido pela professora
Michelle Nunes da Silva, do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Caio
Carlos Frota de Medeiros.
As deficiências vão desde altas
habilidade (superdotação), autismo, deficiências multiplas à sindromes raras
como a de Rett e de Asperger. A pasta informou que desde 2009 realiza
formações, como a Sensibilizar para Incluir, Formação em Libras (Básico,
Intermediário e Avançado), Curso de Interpretes; Formação na área da
Deficiência Visual (Braille, Soroban, Orientação e Mobilidade e Tecnologia
Assistiva) e Oficina de Práticas Pedagógicas.
Mais recentemente, passou a
oferecer pós-graduação em Educação Inclusiva e Transtorno do Espectro do
Autismo aos professores da rede. Assim como as especialistas em educação
inclusiva que estiveram presentes no seminário, em Manaus a assessora de
educação especial da Semed, Egley Nascimento, também acredita que a iniciativa
de cada profissional faz a diferença no processo de aprendizagem.
“Penso que não existe
profissional que atenda realmente sua demanda, que seja competente no que faz,
se ele ficar apenas esperando que a rede vá proporcionar essa formação. É um
processo trabalhoso, não temos receita pronta, até porque o ser humano é diferente
independente de ter deficiência ou não, o que serve para um, não
necessariamente vai servir para o outro”.
Egley começou a trabalhar com
alunos inclusos em uma época em que não se falava sobre inclusão, tendo o
primeiro aluno com deficiência em 1989. “Nem no meu magistério o assunto foi
comentado. Historicamente falando, o fenômeno da criança com deficiência ir à
escola regular é recente”.
Além de ser pedagoga, ela também
é professora e destaca o trabalho realizado na rede. “Temos profissionais que fazem
um trabalho maravilhoso, professoras comprometidas. Não vou dizer que não
existe dificuldade, porque o processo de inclusão é bem trabalhoso e tem uma
série de obstáculos, mas é viável, tanto é que estamos fazendo e tem dado
certo”.
Na rede estadual de educação, são
2.938 alunos inclusos, sendo 1.237 estudantes com necessidades especiais
matriculados nas escolas públicas estaduais da capital e 1.701 nas escolas do
interior.
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