PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO(PNE) COMPLETA DOIS ANOS E NADA DE METAS CUMPRIDAS!!
Campanha Nacional Pelo Direito à Educação
(CNDE) elaborou um relatório para alertar sobre o descumprimento de todos os
mais importantes dispositivos previstos para 2016. Já o movimento Todos Pela
Educação (TPE) divulgou, nesta terça-feira, um estudo no qual conclui que, dos
21 objetivos, entre metas, artigos e estratégias a serem alcançados até junho
deste ano, apenas um foi cumprido: a implementação de um fórum permanente de
acompanhamento do valor do piso salarial dos professores. Para outros cinco não
há dados atualizados, mas o monitoramento feito por especialistas já indica que
não foram — e nem serão — alcançados este ano. A respeito dos 15 objetivos
restantes, há informações de que também não foram cumpridos.
Entre as 20
grandes metas do PNE, sete deveriam ter sido alcançadas dois anos após a criação
do plano. Segundo o TPE, seis delas não foram atingidas. A lei determinava, por
exemplo, que todas as crianças de 4 a 5 anos do país estivessem em salas de
aula até este mês. No entanto, há 640 mil crianças, ou 10,9% da população nessa
faixa etária, fora da escola. Os dados mais atualizados são referentes a 2014,
mas o monitoramento dos indicadores feito por diferentes ONGs e pelo próprio
Ministério da Educação (MEC) informa que a meta não será atingida.
A universalização do ensino para adolescentes de 15 a 17
anos também ficou no papel. Os dados mais atuais dão conta de que há ainda 1,7
milhão de pessoas na faixa etária sem atendimento escolar. Militantes da causa
acreditam que a crise econômica que o país atravessa, com cortes em áreas como
construção de creches e formação de professores, tem sido o maior obstáculo
para a concretização desses objetivos.
— Sem novos recursos, há quem diga que pode aumentar o
número de crianças fora da escola. É vergonhoso o Brasil não conseguir
universalizar a pré-escola e a alfabetização — afirma o coordenador da CNDE,
Daniel Cara, um dos principais articuladores do PNE na sociedade civil. — O
governo federal não pode considerar o PNE um fardo, desde 2014 muito mais
deveria ter sido feito.
De acordo com a presidente-executiva do Todos Pela Educação,
Priscila Cruz, essas notícias negativas não podem desanimar as autoridades
envolvidas no cumprimento das metas.
— Enquanto não houver um trabalho estruturante, corremos o
risco de ter, ano após ano, as metas não cumpridas. O plano é ambicioso, mas
grande parte dele é realizável, não podemos desmobilizar. As 15 primeiras metas
têm responsabilidade de estados e municípios e só vamos conseguir alcançá-las
com um trabalho bem gerido.
MENOS REPASSE DE
RECURSOS
Embora a responsabilidade pela meta da educação infantil
seja das cidades, os repasses de recursos vindos da União são importantes para
a expansão de matrículas, bem como para o alcance de outras metas ligadas à
educação básica. Dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
responsável pelo Proinfância, voltado para a infraestrutura de creches, mostram
que o valor destinado ao programa caiu de R$ 2,6 bilhões em 2014 para R$ 403
milhões em 2015.
— Expansão tem custo. Se os municípios, que já têm problemas
econômicos, não recebem recursos, a situação fica pior. Como expandir matrícula
num cenário no qual não se consegue nem manter o que existe? — questiona o
presidente da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime),
Alessio Costa Lima.
A meta 15 do PNE, que determina a implementação de política
de formação para professores da educação básica, ainda não foi concluída. Dados
do último Censo Escolar da Educação Básica, divulgados em março, revelam um
panorama preocupante: 39% dos docentes não têm formação adequada na disciplina
que lecionam.
A dificuldade em promover o acesso total ao sistema
educacional e ampliar a qualificação dos docentes tem em seu cerne a falta de
um financiamento maior para área. Para especialistas, a questão econômica está
ligada à não implementação do Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), que
estabelece um valor de investimento mínimo por aluno e deveria ter entrado em
vigor neste ano. A criação do CAQi representaria uma demanda de R$ 40 bilhões a
mais, por ano, em educação básica. E segundo a CNDE, sem sua implementação e
com cortes no orçamento, todas as demais metas e estratégias do PNE ficam
inviabilizadas.
Em resposta ao GLOBO, o MEC afirma que está “realizando uma
análise cuidadosa do orçamento para implantação do CAQi” e argumenta que atual
gestão recebeu o orçamento com corte de R$ 6,4 bilhões. Em relação à
universalização da educação infantil, o MEC diz que focará na melhoria e
ampliação da aplicação dos recursos para ofertar creches e promover acesso à
pré-escola. Sobre o ensino médio, o órgão afirma que terá como prioridade a
reforma desta etapa. Já para alcançar a meta relacionada à alfabetização, o MEC
diz que está elaborando estudos para redesenho do Programa Brasil Alfabetizado,
com foco no acesso à Educação Profissional e Tecnológica. A pasta divulgará nos
próximos dias os indicadores de monitoramento das metas e o relatório técnico
de avaliação do PNE.
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