Corte de recursos para ciência provoca fuga de cérebros, alertam pesquisadores!!
O contingenciamento de
recursos destinados aos fundos de investimento em ciência e tecnologia
tem ameaçado projetos e intensificado a fuga de cérebros de cientistas e
engenheiros, segundo dirigentes de centros de pesquisa que participaram
de audiência pública promovida nesta terça-feira (14) pela Comissão de
Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).
O Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT) e o Fundo para o Desenvolvimento
Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) têm arrecadado anualmente
quase R$ 5,1 bilhões, mas parte expressiva desses recursos não tem sido
efetivamente aplicada. De acordo com o presidente o Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Sebastião Sahão Júnior, o
órgão tem recebido cerca de um terço do valor previsto em lei.
Diante da insegurança em relação à
liberação de recursos para desenvolver seus projetos, cada vez mais
pesquisadores têm migrado atrás de fontes mais confiáveis de
financiamento.
— O contingenciamento tem um impacto
grande na formação de pessoas, que demanda tempo. Para mantermos esses
talentos também precisamos de recursos — disse Sahão Júnior.
Um dos projetos ameaçados pela
descontinuidade nos repasses é o desenvolvimento do avião de transporte
militar KC-390. Fabricado pela Embraer, com a participação de
Argentina, Portugal e República Tcheca, o cargueiro projetado pela
Força Aérea Brasileira (FAB) para ser a maior aeronave brasileira
deverá ser entregue em 2018. Isso se novos contingenciamentos não
vierem.
— O contingenciamento impacta muito
fortemente o projeto da aeronave KC-390 — assinalou o major-brigadeiro
Fernando César Pereira Santos, vice-diretor do Departamento de Ciência e
Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
Segundo ele, alguns projetos do DCTA que
deveriam ser executados em três anos, levaram cinco anos ou mais para
serem concluídos em razão da demora na liberação das verbas
autorizadas.
Falta previsibilidade para trabalhar com
ciência e tecnologia no Brasil, apontaram Fernando Tobias Silveira,
vice-diretor do Instituto Evandro Chagas (IEC), e Jorge Almeida
Guimarães, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e
Inovação Industrial (Embrapii). Mas, se a situação para essas entidades
é difícil, o cenário é ainda mais complicado para as universidades, de
acordo com Guimarães.
— Esta mesa é a elite e de alguma forma
tem maneiras de se safar. DCTA sobrevive. CPqD e Instituto Evandro
Chagas também, mas não podem servir de exemplo para a questão da
gravidade da descontinuidade de recursos. Vocês vão ver a lista de
queixas quando vierem as universidades — previu.
A audiência faz parte do processo de
avaliação da política pública que a CCT deve fazer ao longo do ano. O
presidente do colegiado, Lasier Martins (PDT-RS), lamentou os cortes na
área de ciência e tecnologia.
— Sem pesquisa e ciência, nós jamais seremos competitivos — alertou.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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