EDUCAÇAO: PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PODE FICAR SÓ NO PAPEL !!
Metas e estratégias do Plano Nacional de Educação, (PNE) previstas para
serem cumpridas até 24 de junho, estão em risco, segundo avaliação de entidades
ligadas à educação. O financiamento é um dos principais entraves. A falta de
recursos em ano de restrição orçamentária pode prejudicar a inclusão de
crianças e jovens na escola, além de inviabilizar o aumento do investimento por
estudante, uma das estratégias previstas na lei.
A questão foi discutida em audiência pública ontem (7) na Câmara dos
Deputados para avaliar o segundo ano de implementação do PNE. O PNE é uma lei
federal que prevê 20 metas da educação infantil até a pós-graduação, incluindo
a valorização dos trabalhadores em educação e a ampliação do investimento em
educação dos atuais 6,1% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano em
educação. As metas devem ser todas integralmente cumpridas até 2024.
A lei estabelece, no entanto, metas intermediárias. No total, 14 metas e
estratégias estavam previstas para 2015 e 2016. As previstas para 2016 têm o
prazo até o dia 24 deste mês para serem cumpridas. Na avaliação da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, que reúne mais de 200 entidades ligadas à
educação, nenhuma das metas e estratégias foi integralmente cumprida.
"Na verdade, a situação é pior que no ano passado. Em 2015, um dos
dispositivos mais importantes do PNE, que era a construção dos planos estaduais
e municipais de educação, não estava concluído, mas tinha avançado. Para este
ano, nada avançou", disse o coordenador da campanha, Daniel Cara.
Dentre as metas previstas para 2016, figura a inclusão de todas as
crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola - atualmente 2,8 milhões estão fora
das salas de aula. Deve também ser definido o chamado Custo Aluno-Qualidade
inicial (CAQi), que define quanto cada aluno precisa para ter acesso a uma
educação com um padrão mínimo de qualidade. O cálculo ainda não foi fixado, mas
a intenção é que entre na conta recursos para infraestrutura, materiais e
equipamentos, além do salário dos professores.
"O maior esforço para o cumprimento do PNE é dos estados e
principalmente dos municípios. É lá que a cobrança da sociedade é maior. É nos
municípios que as pessoas vivem. É lá que as mães batem na porta do secretário
de educação para pedir vaga para o filho", diz a presidente da União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) de Goiás, Virgínia
Maria Pereira de Melo.
Segundo ela, a paralisação de programas e redução de repasses da União
para os municípios prejudica o cumprimento das metas e há dificuldade para
construir creches e pré-escolas e para pagar o piso salarial aos professores.
Na avaliação do presidente do Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps, todos os estados
elaboraram seus planos estaduais em consonância com o PNE e procuram priorizar
suas ações de acordo com estes planos. "Porém, a elaboração do PNE foi
realizada em outro cenário econômico e com algumas metas com prazos pouco
realistas e muito dependentes da meta 20, que sequer foi devidamente
regulamentada".
A meta 20 trata do financiamento da educação. De acordo com Deschamps, a
inclusão de crianças de 4 a 17 anos exigirá, em muitos casos, uma busca ativa.
Em relação ao financiamento, a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que pretende rever os programas da educação básica para liberar mais recursos para repassar aos estados e municípios. Um diagnóstico preciso dos projetos vai possibilitar a ampliação dos repasses.
Em relação ao financiamento, a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que pretende rever os programas da educação básica para liberar mais recursos para repassar aos estados e municípios. Um diagnóstico preciso dos projetos vai possibilitar a ampliação dos repasses.
A secretária diz ainda que a inclusão das mais de 700 mil crianças de 4
e 5 anos fora da escola por falta de vagas na pré-escola será uma das
prioridades do MEC. Afirmou, ainda, que o ministério irá dialogar com estados,
municípios e entidades ligadas à educação para melhorar a situação dos
professores. "A própria Lei do Piso previa que haveria empenho para garantir
aos estados e municípios sem condições de pagar o piso definido pelo governo
federal uma alocação de recursos que pagasse o piso", disse ela.
O piso salarial dos professores, previsto na lei 11.738/2008, atualmente
é R$ 2.135,64 por mês, pago a profissionais em início de carreira, com formação
de nível médio e carga horária de 40 horas semanais. Entre as metas previstas
para serem cumpridas este ano está a elaboração de diretrizes nacionais de
planos de carreira para os profissionais da educação.
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