SAIBA POR QUE O NOVO ENSINO MÉDIO NÃO GARANTE EDUCAÇÃO PRA TODOS!!
Um dos problemas centrais da educação brasileira reside nas
fortes desigualdades escolares, que são reflexo das desigualdades sociais que
caracterizam nosso país e um dos mecanismos por meio dos quais essas
desigualdades sociais são reproduzidas.
Uma reforma no ensino médio deveria ser uma oportunidade
para avançarmos num modelo de educação que contribuísse para reduzir essas
desigualdades.
É que, entre todas as etapas da educação básica, é no ensino
médio que mais decisivamente se faz uma articulação entre escola e posição
social, pelo peso que assume na definição das trajetórias futuras dos jovens.
A incoerência na forma como está sendo conduzida a atual reforma,
porém, deixa dúvidas se essa mudança terá a capacidade de impactar positiva e
equanimemente a trajetória escolar de todos os jovens brasileiros.
Há um hiato entre a pretensão de alcançar determinados
objetivos e as ações propostas, dado pela falta de planejamento. Questões
estruturais que possibilitariam um avanço na equidade educacional ou só agora
começam a ser endereçadas, ou seguem sem respostas.
Até mesmo as boas propostas trazidas pela reforma do ensino
médio estão sob ameaça de não se concretizar.
A possibilidade de que o aluno escolha um percurso
formativo, por exemplo, deveria garantir, ainda na educação básica, que os
jovens pudessem se aprofundar em conhecimentos de seu interesse e desenvolver
as suas potencialidades.
Contudo, a falta de infraestrutura física e de recursos
humanos das redes públicas de educação coloca em dúvida essa possibilidade.
Preocupa também a forma como os percursos formativos e a
ampliação da carga horária serão colocados em prática. Por si só, eles não
garantem que avancemos numa educação voltada para o nosso tempo, que dialogue
com as particularidades culturais e sociais dos sujeitos e dos territórios.
Para isso, será preciso consultar as comunidades escolares e
inovar nas temáticas e nas linguagens trabalhadas, em consonância com as
demandas juvenis, além de garantir o financiamento adequado. Preocupado com a
questão, ainda que tardiamente, o MEC (Ministério da Educação) recorreu a um
empréstimo de R$ 789 milhões ao Banco Mundial para financiar parte da reforma e
para finalmente realizar estudos sobre sua viabilidade.
É um início, mas, para construir um ensino médio que garanta
a todos os jovens -independentemente de seu pertencimento socioeconômico, racial,
territorial e de gênero- as mesmas oportunidades, o MEC precisará enfrentar
definitivamente desafios previstos no Plano Nacional de Educação, como a
regulamentação do Sistema Nacional de Educação e a implementação da Base
Nacional Curricular Comum e do Custo Aluno-Qualidade Inicial, de modo a
garantir as condições adequadas.
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