LEI ESTADUAL AUTORIZA "USO DE CELULAR"EM SALA DE AULA!!
Depois de anos de discussão foi aprovada uma lei estadual
que terminou com a era da proibição do uso de celulares em salas de aula e
permitiu seu emprego em atividades didáticas. Seus efeitos? Basta uma visita,
ainda que rápida, a uma escola para perceber que a lei é quase nada diante de uma
realidade conspícua –e, sobretudo, tensa.
A Escola Estadual Ministro Oscar Dias Correia fica no Jardim
Bandeirantes, zona norte de São Paulo, quase na divisa com Caieiras. Foi
inaugurada em 2006, em meio a mudanças intensas.
"Até uma década e meia atrás era um lugar isolado,
muito adiante da estação Jaraguá, da [linha de trem] Santos-Jundiaí. Levava
meia hora a pé para chegar de lá até nossa casa, tudo em caminho de terra. Mas
era onde meu pai, que era motorista de ônibus, e minha mãe, empregada doméstica,
tinham dinheiro para comprar terreno e construir uma casa", diz Rodrigo
Matos.
Ele mesmo é parte das transformações recentes. Muito
empurrado pelos pais para seguir no caminho da educação, terminou o colegial na
escola pública municipal do bairro, estudou ciências biológicas, formou-se,
prestou concurso para a nova escola, onde dá aulas de ciências para o ensino
fundamental e de química no ensino médio.
Nessa altura da vida as coisas já eram bem diferentes.
Conjuntos habitacionais inaugurados em sequência, asfalto para a maioria das
ruas, comércio relativamente movimentado (embora ainda faltem itens básicos
como uma agência bancária), linhas de ônibus e uma nova estação de trem da
Santos-Jundiaí trouxeram uma cara diferente ao bairro –e 1.200 alunos para a
escola, distribuídos do primeiro ciclo do fundamental até a educação noturna de
adultos.
Não foi só o bairro que mudou neste tempo. Maria de Fátima
Soares Abreu é diretora da escola há seis anos. Nesse período viu se acentuar
uma tendência que nota há uma década: "Antes a família educava em casa e
esperava que a escola complementasse com cultura. Hoje a pressão é tanta que a
família espera que a escola cuide, que a escola eduque, que a escola dê
cultura. Nesse bojo veio a questão do celular", diz.
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