PREFEITO DESCUMPRE PROMESSA DE CAMPANHA E AUMENTA TARIFA!!
Durante a campanha eleitoral, João Doria assumiu pelo menos
duas vezes o compromisso de congelar as tarifas de ônibus durante os quatro
anos do seu mandato. O prefeito, no entanto, não manteve a palavra. Alegando
que a promessa de campanha era fruto de uma "entrevista, confusa e
improvisada", sua assessoria informou que o compromisso se limitava ao
primeiro ano de gestão. A nota conjunta na qual prefeitura e governo do Estado
anunciaram a nova tarifa para os ônibus e o metrô é lacônica e diz apenas que o
aumento seria necessário para "adequar a receita ao custo dos
sistemas".
Atualmente a prefeitura subsidia o sistema de ônibus da
capital em cerca de 37% do seu custo total. O objetivo do aumento da tarifa é
reduzir esse percentual, que pressiona o orçamento municipal e é alvo de muitas
críticas.
Mas se, por um lado, o subsídio pressiona o orçamento
público, por outro, ele reduz o preço da tarifa e permite conceder as
gratuidades, minorando o elevado impacto que o transporte tem na renda das
famílias mais pobres.
Ao contrário do que dizem os críticos, o subsídio paulistano
não é elevado e a iniciativa de subsidiar o sistema de transporte público não
tem nada de heterodoxa ou demagógica.
Segundo a última edição do Barômetro das Autoridades
Europeias de Transporte Metropolitano, o subsídio ao transporte público na
Europa está, em quase todas as cidades (Madri, Berlim, Londres, Copenhague, Frankfurt,
Barcelona, Oslo), entre 40% e 60% do custo total do sistema. Assim, o nível de
subsídio que a prefeitura de São Paulo atualmente proporciona e quer reduzir
por meio do aumento da tarifa está abaixo do piso do padrão europeu.
Se os governos locais europeus apoiam com esse nível de
subsídio a mobilidade urbana dos seus trabalhadores que estão entre os mais bem
pagos do mundo, não faz sentido tratar como populismo ou irresponsabilidade o
subsídio paulistano que está num patamar inferior e beneficia uma população
muito mais pobre e vulnerável.
No entanto, de fato, o subsídio tem hoje um impacto
significativo no orçamento da cidade e, de certa maneira, concorre com outros
gastos sociais num perverso jogo de soma zero. Por esse motivo, desde que a
questão da tarifa dos transportes públicos ganhou importância política, com os
protestos de junho de 2013, especialistas propõem que a introdução de subsídios
seja feita a partir de novas fontes de financiamento.
É esse tipo de saída que permitiria ao prefeito João Doria
manter sua palavra e cumprir a promessa de campanha sem comprometer o orçamento
do município.
Entre as muitas propostas em discussão, uma que parece
particularmente promissora é estabelecer um subsídio cruzado ao transporte
público a partir da municipalização da Cide, o tributo federal que incide sobre
os combustíveis. A ideia do subsídio cruzado é arrecadar recurso em um lugar e
aloca-lo em outro —no caso, arrecadar recurso taxando o combustível utilizado
pelos automóveis e aplicá-lo no sistema que atende os usuários de transporte
público.
A administração anterior encomendou um estudo para a
Fundação Getúlio Vargas avaliando a medida e, recentemente, o Ipea também
publicou um estudo sobre o tema. Os dois trabalhos mostram, em resumo, que com um
pequeno tributo sobre a gasolina seria possível reduzir o preço das tarifas de
ônibus e ainda gerar muitos outros efeitos positivos: as famílias que ganham
até 12 salários mínimos teriam mais renda e a inflação seria reduzida
—poderíamos ainda acrescentar que teríamos um trânsito melhor e haveria redução
na emissão de poluentes.
Infelizmente, em vez de perseguir esse tipo de solução
inovadora que permitiria cumprir sua promessa de campanha, o prefeito João
Doria preferiu se desdizer e alegar que tinha se enganado, prejudicando a
população mais pobre para quem 20 centavos a mais por viagem faz muita
diferença.
Ao paulistano descontente com a traição do prefeito, resta o
direito de protestar. O Movimento Passe Livre convocou uma manifestação para a
próxima quinta-feira (11), às 17 horas, em frente ao Teatro Municipal
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