PEC 215: Índios fazem manifestação e tentam ocupar a Câmara dos Deputados
Índios tentam ocupar no início da tarde de hoje (16) o Anexo 2 da
Câmara dos Deputados, próximo à entrada que dá acesso às salas das
comissões. Policiais militares (PMs) que estavam no local desde o início
da manhã, alertados sobre o possível protesto, usaram gás de pimenta
para dispersar os manifestantes.
O clima continua tenso no local. Os indígenas conseguiram quebrar a barreira feita pela PM. Além dos policiais, usando equipamento de segurança como colete a prova de bala e capacete, a Polícia Legislativa da Câmara e brigadistas também reforçam a segurança no local.
A manifestação foi feita por causa da votação de proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata da demarcação das terras indígenas. A PEC 215 estabelece que caberá ao Congresso a delimitação dessas áreas.
A
Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC 215) que transfere a prerrogativa de
homologar Terras Indígenas (TIs), Unidades de Conservação (UCs) e territórios
quilombolas para o Poder Legislativo
Atualmente, essas áreas
protegidas têm seu processo de reconhecimento, demarcação e homologação
conduzido por órgãos do Poder Executivo. A assinatura final é da Presidência da
República. Entre outras alterações, a PEC 215 visa condicionar as homologações
à aprovação no Congresso Nacional. Na prática, essa mudança representaria a
paralisação de todos os processos de criação desses territórios – instrumentos
fundamentais para a garantia dos direitos de povos indígenas, comunidades
tradicionais e para a preservação de biomas ameaçados como o Cerrado e a
Amazônia.
Uma análise sobre o financiamento
das campanhas e a atuação de parte dos parlamentares que compõem a Comissão
Especial na qual a PEC tramita, porém, revela que não é exatamente o interesse
público que os move. Os principais articuladores da PEC215 tiveram suas
campanhas financiadas por doações de empresas ligadas ao agronegócio e à
mineração, grandes interessadas em dificultar a demarcação de novas áreas
protegidas.
A indústria de mineração, por
exemplo, está em uma corrida por novas fronteiras de exploração de jazidas,
muitas das quais se encontram em plena floresta amazônica. Um estudo do Instituto
Socioambiental aponta que existem mais de 4 mil processos minerários (pedidos
de autorização para pesquisa e lavra) em áreas de Terras Indígenas. Ou seja,
dificultar a criação de TIs significaria facilitar o acesso de grandes
mineradoras a áreas ainda intocadas de floresta com alto valor comercial.
Assim como a mineração, o
agronegócio também encontra nessas áreas uma barreira para sua expansão.
Na Amazônia, por exemplo, o “arco do desmatamento”, onde a monocultura segue pressionando as bordas da floresta, é contido justamente por um cinturão de UCs e TIs. Por outro lado, os locais onde as áreas de floresta ainda estão desprotegidas são mais vulneráveis à ação de desmatadores, como madeireiros ilegais. Uma vez que a floresta é derrubada, ela perde seu valor comercial e passa a ser atraente para o agronegócio.
Na Amazônia, por exemplo, o “arco do desmatamento”, onde a monocultura segue pressionando as bordas da floresta, é contido justamente por um cinturão de UCs e TIs. Por outro lado, os locais onde as áreas de floresta ainda estão desprotegidas são mais vulneráveis à ação de desmatadores, como madeireiros ilegais. Uma vez que a floresta é derrubada, ela perde seu valor comercial e passa a ser atraente para o agronegócio.
Rômulo Batista, da Campanha da
Amazônia do Greenpeace Brasil, acredita que a luta travada pelos defensores da
PEC 215 se assemelha à votação do novo Código Florestal, em 2012. “Do ponto de
vista do potencial de destruição, a PEC 215 tem tudo para ser uma reedição do
novo Código Florestal. Até os argumentos falaciosos usados pela bancada
ruralista são semelhantes, como a história de que estão defendendo o interesse
dos pequenos agricultores, quando na verdade são grandes empresas as maiores
interessadas”.
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