EDUCAÇÃO: Escola de Florianópolis recebe prêmio por ensinar Libras
A Escola de
Educação Básica Lauro Müller, em Florianópolis, recebeu o primeiro Prêmio
Escola Exemplo, da Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Santa Catarina
(OAB/SC). A premiação reconhece boas práticas na rede pública de ensino. O
colégio foi reconhecido por trabalhar inclusão de alunos surdos ensinando a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) em sala de aula.
Alunos mais
velhos ensinam mais novos em escola de SC (Foto: Reprodução/RBS TV) Alunos mais
velhos ensinam mais novos em
De acordo com
a direção da escola, o projeto iniciou quando uma turma passaria a receber uma
aluna surda. “Nessa época não havia intérprete de libras na escola para alunos
de primeira a quarta séries”, explica a diretora Márcia Martins. Ela era
professora e teve a iniciativa. Alunos mais velhos passaram a ensinar a Língua
Brasileira de Sinais para os estudantes mais novos.
“Foi bem legal
ensinar os surdos, ensinar os ouvintes. No recreio percebíamos que isso estava
funcionando, eles vinham e davam ‘oi para nós. A gente via que estava
funcionando e possibilitava a comunicação entre os surdos e os ouvintes”,
comenta Leonel Cardoso Pimentel, engenheiro e ex-aluno da escola. Ele foi um
dos alunos que ensinou a linguagem aos estudantes de turmas mais novas.
A iniciativa
de 2005 entre surdos e ouvintes rendeu prêmios ao colégio, um deles
internacional, e teve continuidade. Um blog foi criado e é mantido pelos
alunos. Na sala de informática do colégio, os estudantes postam vídeos em
Libras, dicas, o alfabeto da língua e informações gerais sobre a escola.
“A gente está
sempre atualizando o blog. As pessoas que não são surdas também se interessam e
começam a conversar mais com o surdo. Começa a se comunicar mais, a fazer
amizade”, constatou Estevan Silva Mello, de 15 anos. Ele foi um dos alunos que
recebeu aula de libras e atualmente ajuda a manter o blog Vejo Vozes.
A escola tem
quase 500 alunos ouvintes e sete surdos. Todos com mais de 15 anos. Os
professores e funcionários também estão aprendendo a língua de sinais com a
intérprete da escola. Segundo ela, uma das dificuldades dos surdos é entender
os livros. Alguns professores fazem atividades práticas para ajudar na
compreensão.
“Eles me
olhavam estranho, eu achava que eles entendiam as mímicas que eu fazia. Na
verdade, não é mímica, é uma língua. É Libras”, relembra a professora de
biologia Andréa de Oliveira Alves. Ela é uma das professoras que aprendeu a
linguagem para facilitar a dinâmica das aulas. Na sobre células, por exemplo, a
professora utiliza ovos para que fique mais fácil a compreensão.
“O surdo tem
muitas dificuldades com o português e, se os professores conseguirem ter essa
dinâmica de mostrar uma aula visual, a gente entende melhor”, diz Yuri Santos,
de 17 anos.
Segundo Nelson
dos Santos, pai de Yuri, o filho passou por várias escolas, mas foi na Lauro
Müller que o rapaz mudou. “Despertar para a curiosidade, coisas que ele não
tinha e ele tem hoje. Ele vê que o mundo não é feito só para os ouvintes, mas
para os surdos também”, afirma Nelson.
Fonte: G1
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