EDUCAÇÃO: Escolas podem ter mesmo currículo em todo o país
O Ministério da
Educação está trabalhando na implantação de um sistema nacional de educação.
Foi o que informou ontem a secretária de Educação Básica do MEC, Maria Beatriz
Luce, durante audiência pública da Comissão de Educação (CE) sobre a construção
de uma base curricular nacional comum para os ensinos fundamental e médio.
Pelo Plano
Nacional de Educação, em vigor desde junho deste ano, todas as escolas públicas
e privadas do país deverão se orientar por uma mesma base curricular a partir
de 2016, cabendo a cada uma delas escolher a linha pedagógica e a metodologia
de ensino, passando pela formação dos professores.
Apontando um
documento com mais de 500 páginas para os participantes do encontro, a
secretária garantiu que a construção da base curricular nacional comum é hoje
uma das prioridades do ministério.
— Estamos saindo
de uma era onde a política curricular ficou submissa, ocultada e até pouco
tratada diante das demais. Há, sim, indicações de conteúdo e de método. Há
diretrizes para todas as etapas da educação infantil, do ensino fundamental, do
ensino médio e para todas as modalidades. Como isso vai ser tratado na educação
indígena, nos quilombolas, na educação do campo, na educação profissional —
explicou Maria Beatriz.
Cristovam
Buarque (PDT-DF), defensor da federalização da educação básica, chamou a
atenção para o equilíbrio que deve haver na construção da base curricular com
as especificidades regionais e culturais, estimulando a iniciativa dos alunos.
— O aluno tem
que ter liberdade. A escola, não. Tirando certas especificidades como grupos
indígenas, questões étnicas, as condições têm que ser as mesmas, e o conteúdo,
básico. Isso exige um currículo comum — afirmou o senador.
O
diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, mostrou dados de uma
pesquisa inédita do Ibope, com professores de todo o país, favoráveis à adoção
da base comum. Segundo o levantamento, 82% concordam com a adoção dessa
política pública.
Mizne destacou
também o apoio que a presidente Dilma deu à diretriz durante a abertura da
Conferência Nacional de Educação, no dia 19 de novembro, em Brasília. Disse
ainda que o atual modelo não atinge os objetivos que pretende e, portanto,
precisa de aprimoramentos, pois hoje 75% dos adultos brasileiros seriam
analfabetos funcionais, 50% dos matriculados no ensino público não finalizam os
estudos e apenas 10% chegam ao final do ensino médio sabendo o que é esperado
nesse nível de ensino.
Quem também
apoiou a iniciativa durante a audiência foi o primeiro-vice-presidente do
Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps. Ele
informou que a entidade está disposta a colaborar na tarefa da elaboração da
base curricular comum e reiterou que esse modelo é o aplicado na maioria dos
países, com bons resultados.
A professora
Alice Casimiro Lopes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), avalia
que o Brasil não precisaria adotar essa política pública, porque já possui as
diretrizes fundamentais definidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB).
Com base em
pesquisas que realizou em diversas regiões, ela chegou à conclusão de que o
modelo flexível é o mais efetivo para a superação das desigualdades históricas.
Alice afirmou que o principal problema do modelo educacional brasileiro está
nas políticas de financiamento, no salário dos professores e na própria
desigualdade social que marca a sociedade.
Os senadores
Cristovam Buarque, Ana Amélia (PP-RS) e Cyro Miranda (PSDB-GO), que preside a
comissão, participaram da audiência, solicitada por eles. Paula Louzano, da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), completou a lista de
convidados.
Fonte: Jornal
do Senado
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