Relatório coloca Brasil em 6º em taxa de homicídio de crianças e jovens
O documento diz que o país
registrou 17 homicídios por 100 mil habitantes nessa faixa etária. Com isso, o
Brasil ficou atrás apenas de El Salvador (27 por 100 mil), Guatemala (22),
Venezuela (20), Haiti (19) e Lesoto (18).
Em termos absolutos, o relatório
diz que o Brasil registrou mais de 11 mil mortes na faixa etária, ficando atrás
apenas da Nigéria, com quase 13 mil crimes dessa natureza no período.
O Unicef atribuiu no documento como razões
principais para o grande número de homicídios de jovens no Brasil o aumento da
desigualdade, o acesso a armas de fogo, o alto consumo de drogas e o
crescimento da população jovem.
O fundo também usou uma base de dados de
2010 para afirmar que no Brasil os adolescentes negros sofrem um risco três
vezes maior de serem assassinados em relação a jovens brancos.
O número de homens nessa faixa que foram
vítimas de homicídio também é 12 vezes maior que o de mulheres.
Mais
de 95 mil crianças e adolescentes foram assassinadas em todo o mundo no período
avaliado pelo relatório, intitulado Hidden in Plain Sigh ("Ocultos
em Plena Vista" em tradução livre), elaborado com dados de 190 países.
O número representa um quinto de
todos os assassinatos de crianças e adolescentes ocorridos no planeta, a
maioria praticados na América Latina e no Caribe.
O levantamento do Unicef também analisou
casos de abusos físicos, sexuais e emocionais contra jovens.
No campo da violência sexual, a
entidade estimou que cerca de 120 milhões de garotas com menos de 20 anos de
idade já foram vítimas de abusos. Isso significa que uma em cada dez jovens do
mundo foi exposta a relações ou atos sexuais forçados.
O Unicef também constatou que uma em cada
três jovens que tenham sido casadas na faixa etária entre 15 e 19 anos
afirmaram ter sido vítimas de violência física, sexual ou emocional cometida
por parceiros ou maridos.
O índice de casos em que o responsável pelo
abuso era o próprio marido da vítima chegou a 70% em países como a República
Democrática do Congo e a Guiné Equatorial.
Ao mesmo tempo, segundo o documento
cerca de 50% das adolescentes dessa faixa etária (126 milhões) dizem acreditar
ser agredida pelo marido é justificável sob certas circunstâncias. Essa taxa
sobe para 80% em países como Afeganistão, Guiné, Jordânia, Mali e Timor Leste.
O relatório também estudou o bullying como
forma de violência contra os jovens e descobriu que um em cada três estudantes
com idades entre 13 e 15 anos sofrem bullying de maneira regular no ambiente
escolar em todo o mundo.
Além de identificar essas tendências, o
Unicef indicou seis estratégias que podem ser adotadas pelos países para
prevenir e reduzir a violência contra crianças.
Elas incluem o oferecimento de apoio
para pais e crianças, mudanças em atitudes e nos sistemas criminais e judiciais
e nas leis.
Após a divulgação do relatório, o
Ministério da Justiça divulgou nota destacando que "que estatísticas de
violência de países distintos são de difícil comparação, pois são produzidas de
formas diferentes". A nota diz porém que isso deve ser entendido "sem
prejuízo da importância dos dados contidos no relatório".
"O governo federal tem atuado
fortemente para enfrentar o problema histórico da violência contra crianças e
adolescentes brasileiros, cuja proteção integral é prioridade absoluta para o
Estado Brasileiro, em todas as suas esferas", afirmou a nota.
A pasta afirmou ainda que o governo
federal tem atuado em parceria com agências da ONU em diversos programas
destinados a reduzir a violência contra crianças e adolescentes, entre eles o Programa
de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens, o Programa de
Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte e o Projeto de Proteção
dos Jovens em Território Vulnerável.
O governo também atua de forma
indireta como a ampliação de vagas em escolas integrais e o Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
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