Mídia já ensaia descartar Marina Silva
Diferente de 2010, neste ano Marina
Silva tem se revelado uma baita dor de cabeça para a mídia. Naquela eleição, o
script já estava definido. Ela não tinha condições de ganhar e ajudou o tucano
José Serra a chegar ao segundo turno. Já neste ano, o seu ingresso na disputa,
encarado como “providência divina”, atrapalhou todos os planos. Num primeiro
momento, a mídia até inflou sua candidatura, tentando repetir a jogada de 2010.
Só que houve uma overdose de exposição e ela atropelou o cambaleante Aécio
Neves. Mesmo desconfiada, a mídia decidiu apostar na aventura. Agora, porém, as
pesquisas sinalizam que o “furacão” era passageiro. Diante desta nova
realidade, a mídia já ensaia descartar Marina Silva.
Em editorial neste sábado (20), a Folha
tucana adotou a tese, que antes negava, “de que haveria um componente emocional
na súbita ascensão das preferências por Marina Silva após o acidente que
vitimou Eduardo Campos”. De quebra, o jornal ainda destilou veneno contra a
ex-verde, afirmando que o seu “o gradual decréscimo nas pesquisas se explica
tanto pelos ataques recebidos como por fragilidades próprias”. Segundo a Folha,
está em curso “uma corrosão política da postulação marinista”. “Desmentidos
sucessivos e ajustes emergenciais de discurso talvez sejam sinal do quanto uma
postulação de ‘terceira via’ ainda carece de maturação ideológica para
blindar-se contra as investidas dos oponentes”.
No mesmo rumo, o editorial do Estadão de
sexta-feira (19), já havia indicado que o discurso da “nova política”, tão
alardeado pela ex-verde, não correspondia à vida real. Na véspera, o jornalão
entrevistou o vice de Marina Silva, o deputado Beto Albuquerque, que confessou
que “ninguém governa sem o PMDB” e evidenciou a guinada pragmática da
candidata-carona do PSB. Após evidenciar a frágil base de apoio da
presidenciável, o jornal apontou que não há como ela manter a “vã filosofia da
‘nova política’. Descartada, por ingênua ou insincera, a retórica do tal
governo dos melhores, resta o governo possível com a expressão organizada do
Parlamento”.
Vale ainda comentar os duros ataques
desferidos nos últimos dias pelo jornal Valor, que tem como público alvo a
chamada elite empresarial. Na sexta-feira, uma reportagem apontou que “a
estratégica de vitimização, usada pela campanha Marina Silva (PSB) na defesa
contra os ataques dos adversários, voltou-se contra a própria candidata... Em um
mês, a sua rejeição dobrou. Agora, além de driblar as críticas dos oponentes,
Marina terá de mostrar firmeza para tentar passar mais credibilidade como
candidata a presidente”. A matéria teve como fonte o diretor do Ibope Hélio
Gastaldi, que elucubrou: “Ao se fazer de vítima e mostrar ingenuidade aos
ataques das outras campanhas, ela perdeu a credibilidade”.
Outro artigo, assinado por Alberto Carlos
Almeida, autor do livro “A cabeça do brasileiro”, põe em dúvida a ida de Marina
Silva ao segundo turno. “O que parecia se constituir numa vitória bastante
provável, deixou de ser. A eleição assumiu contornos de disputa acirrada. A
trajetória de Marina em muito se assemelha ao Cruzeiro no campeonato
brasileiro. Até pouco tempo atrás, sua vantagem sobre o segundo colocado era
bem confortável. Caiu bastante, porém, e hoje é de somente quatro pontos. O
time mineiro, assim como Marina Silva, dependia de seus próprios resultados. Há
duas semanas, os erros e falhas da defesa não colocavam em risco suas
respectivas lideranças. Não é o que acontece hoje”.
Por Altamiro Borges
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