Exames definirão se creche com vírus de hepatite A volta a funcionar no Rio
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou hoje (29)
que a Creche Municipal Ramon Pascual, em Rocha Miranda, subúrbio do Rio
de Janeiro, fechada há quase duas semanas por causa da presença de hepatite A,
voltará a funcionar somente se as análises da água coletada apontarem
ausência do vírus da doença, que infectou pelo menos três pessoas.
Os resultados das amostras colhidas pela Vigilância Sanitária, em três
pontos da creche, incluindo a cisterna, não acusaram presença de
micro-organismos patogênicos, e mais duas amostras serão colhidas nesta
semana para contraprova e análises específicas. As atividades na creche,
que atende a 145 alunos, estão paradas desde o último dia 17.
Marido da funcionária Mariana Santos Abel, diagnosticada com a doença,
Maxmiliano Crisante contou que a esposa reclamava da falta de produtos
de higiene pessoal na instituição de ensino. "Ela comentou da falta de
higiene, do fato de ter que usar uma única luva para limpar várias
crianças. Falta material para a higiene pessoal das crianças. Todos os
funcionários comentam, não apenas minha esposa", contou. "Na minha casa
não tem ninguém com hepatite, na casa dos alunos também não tem ninguém.
O vírus deve ter vindo da creche", opinou.
A secretaria já vacinou cerca de 130 pessoas no local contra a hepatite
A, entre alunos e funcionários, enquanto 15 pessoas com relatos de
sintomas de hepatite são acompanhadas no Centro Municipal de Saúde
Clementino Fraga e aguardam resultados dos exames.
Para a vendedora Aline Sousa de Carvalho, mãe de uma das crianças que
adoeceram, a direção da creche demorou a informar sobre os primeiros
casos da doença. "Mesmo que fosse apenas suspeita era necessário contar
para as mães o que estava acontecendo". Segundo Aline, a diretoria
informou que os sintomas da hepatite A apareceram depois do
abastecimento de água por um carro-pipa.
No dia 19, a secretaria fez reunião com os pais e a associação de
moradores para orientar sobre as ações necessárias para tratar e evitar a
proliferação da doença. "Eles não disseram coisa com coisa, o exame da
água que foi feito na terça, na sexta, ainda não tinha resultado.
Falaram, falaram, mas resultado não houve. Espero que resolvam o
problema, pois precisamos da creche para podermos trabalhar", comentou a
mãe.
O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou inquérito civil no dia
22 para apurar as condições da prestação do serviço educacional pela
creche, especialmente em relação à potabilidade da água utilizada na
unidade de ensino, e expediu ofícios para a Secretaria Municipal de
Educação, solicitando os respectivos esclarecimentos, e para a
Vigilância Sanitária, pedindo a adoção das medidas cabíveis. A
Secretaria de Saúde da capital informou que a Subsecretaria de
Vigilância Sanitária e a Secretaria Municipal de Educação ainda não
receberam os ofícios.
A hepatite A é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus VHA,
transmitido por via oral-fecal, por meio de alguns alimentos ou por água
contaminada. A doença é mais comum em locais sem saneamento adequado.
Durante o período de incubação do vírus, que leva em média de duas a
seis semanas, os sintomas não se manifestam, mas a pessoa infectada já é
capaz de transmitir o vírus. Alguns sintomas da doenças são: febre,
dores musculares, cansaço, mal-estar, inapetência, náuseas e vômito,
icterícia, fezes amarelo-esbranquiçadas e urina escura. Entretanto, é
comum pessoas infectadas não apresentarem sintomas.
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