PROGAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL TEVE REDUÇÃO 78% DAS VAGAS OFERTADAS!!
SÃO PAULO - Um dos principais programas federais de formação
de professores, a Universidade Aberta do Brasil (UAB) teve redução de 78% no
número de novas vagas ofertadas neste e no próximo ano. Publicado em 2014, o
edital original previa a abertura de 250 mil vagas em todo o País, mas, com o
contingenciamento de verbas para o programa, as novas cadeiras só serão
ofertadas a partir de agora e em número menor: apenas 55 mil.
Apesar da reabertura das vagas autorizadas para o segundo
semestre deste ano, as universidades ainda não sabem se conseguirão preencher
todas elas por causa das restrições orçamentárias. A verba prevista pelo
Ministério da Educação (MEC) para a UAB neste ano é de R$ 376,2 milhões, mas
apenas R$ 247,2 milhões foram liberados até agora – o valor é 8% menor do que o
orçamento previsto em 2015.
Nara Pimentel, presidente do Fórum dos Coordenadores da UAB,
disse que o sistema já sofre com cortes orçamentários desde 2012, mas deixou de
expandir para novas vagas em 2014. A UAB, que chegou a ter mais de 300 mil
alunos matriculados, tem hoje cerca de 130 mil. “O sistema não cresceu, as
turmas foram se formando e os cursos, acabando. Teve polo que ficou sem curso”,
disse.
É o caso da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que já
formou mais de 2 mil pedagogos e cem especialistas em gestão pública, mas
atualmente não tem nenhum aluno nem oferta de curso. A instituição foi
selecionada no edital reaberto neste ano. Em 2014, a universidade teve
liberadas 1.940 novas cadeiras – neste ano, foi informada da redução de 200
vagas.
Apesar da liberação do edital, a UEL ainda não teve novos
ingressos porque não houve liberação dos recursos necessários. A Universidade
Federal do Paraná (UFPR) também deixou de ofertar cursos. A Universidade
Federal do ABC (UFABC) tem apenas um curso ofertado pelo sistema, com 180
alunos. A instituição disse esperar a liberação de recursos para oferecer vagas
em mais dois cursos.
A professora de Educação Infantil Valquíria Souza Cardoso,
de 39 anos, é formada em Pedagogia e tem interesse em cursar uma especialização
a distância para melhorar sua qualificação e remuneração. “A pós é muito
interessante para quem é da área da educação. Há muitos professores sem
condições financeira, mas com muita vontade de estudar. Antes não tínhamos essa
possibilidade.”
De acordo com Nara, além da redução de vagas, outra
preocupação dos professores e coordenadores é que, com o corte de verbas, novos
materiais didáticos deixaram de ser produzidos. “Por maior que seja o nosso
esforço, os cortes influenciam na qualidade dos cursos ofertados. É muito
preocupante porque o programa é extremamente importante para a educação. Ele é
a forma mais eficaz de cumprirmos as metas do Plano Nacional de Educação.”
Uma das metas do plano prevê que até 2024 todos os
professores da educação básica tenham cursado o ensino superior e que todos os
docentes dos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano) e ensino
médio tenham formação superior na área em que lecionam. Em 2014, esse
porcentual era de 76,2%, 49,1% e 59,2%, respectivamente. Outra meta prevê que,
até 2024, o Brasil tenha 50% de seus professores da educação básica formados em
nível de pós-graduação. Em 2014, eram 31,4%.
Dentro do possível. Em nota, a Capes, órgão do MEC
responsável pelo programa, disse que o edital de 2014 só foi aberto neste ano
em decorrência da “disponibilidade de recursos para que as universidades
integrantes do sistema UAB iniciem os cursos, situação que não se configurou em
2015”. O MEC informou que o valor repassado neste ano foi definido na gestão anterior.
“Considerando o cenário econômico e fiscal do País, é o que é possível fazer
neste momento sem prejudicar a instituição, mantendo seu nível de atividade.”
Prefeitura desiste de
esperar repasse e assume gastos
Diante das incertezas de abertura de vagas em 2016 pelo
Ministério da Educação (MEC), a Prefeitura de São Paulo passou a pactuar
diretamente com as universidades, usando recursos do orçamento municipal.
Sem vagas abertas em 2015 e sem repasse do ministério para
novas turmas neste ano, a gestão incluiu R$ 12,3 milhões na Lei Orçamentária
Anual para investimentos na UAB. Os recursos serão usados nos 47 polos e em
outras 15 novas unidades.
“Havia edital para liberar novas vagas neste ano, estava
acertado. Estamos batalhando para que o governo federal continue financiando,
mas optamos por fazer isso por segurança”, diz Ana Lúcia Sanches, responsável
pela UniCEU na Secretaria Municipal da Educação. “O apoio do governo federal é
fundamental. Meu sonho é que tenhamos a oferta fixa de novas vagas todo ano
pelo MEC.”
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