O QUE AS NOTAS DO ENEM REVELAM SOBRE A EDUCAÇÃO NO BRASIL?
Brasília – O Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou mais cedo
as notas por escola da edição de 2015 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Veja quais são as escolas com as
melhores notas.
No ano passado, o desempenho das
escolas no Enem piorou em Matemática, Linguagens e Ciências da Natureza em
relação à edição de 2014. Só houve melhora em Ciências Humanas e Redação.
Mas, afinal, o que as notas do
Enem revelam sobre a educação no Brasil? A EXAME.com, o presidente do Instituto
Alfa e Beto, João Batista, destaca que os números são preocupantes, mas não são
novos.
“A febre continua alta. Essa
percepção ruim sobre as condições vem piorando ao longo dos anos. É lamentável,
porém, que nada tenha sido feito para melhorar a educação básica do país”, diz
Batista.
Nesta terça-feira (4), foram
divulgadas as notas de 1.212.908 estudantes de 14.998 escolas – o critério de
divulgação inclui todas as escolas em que pelo menos 50% dos estudantes
matriculados no terceiro ano do ensino médio participaram do exame.
Enquanto a nota de redação subiu
52 pontos, passando de 491 pontos para 543 pontos, em Ciências Humanas, o
aumento foi de 546 pontos para 555 pontos.
Por outro lado, a nota de
Matemática recuou de 481 pontos em 2014 para 475 pontos. Em Ciências da
Natureza, a queda foi de 487 pontos para 478 pontos. Já em Linguagens, saiu de
511 para 504.
“Antigamente, as notas de
matemática e de redação iam na mesma direção. Nesse ano, isso não aconteceu.
São duas as possibilidades: ou a prova de matemática estava mais difícil do que
o habitual ou a correção da redação foi benigna demais”, afirma o presidente do
Instituto Alfa e Beto.
Para Batista, a acomodação dos
alunos do ensino privado contribui para os resultados alarmantes. De acordo com
o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o desempenho dos
cinco melhores alunos do país equivale ao nível médio dos estudantes europeus.
"Os resultados do Enem 2015
apontam para a urgência da reforma do ensino médio. Quanto mais a escola for
amigável, mais acolhedora para os projetos de vida dos nossos jovens, eles se
interessarão muito mais pelos conteúdos”, afirmou Maria Inês Fini, presidente
do Inep, durante coletiva de imprensa na manhã de hoje.
Os números decepcionantes, no
entanto, reforçam a necessidade de
outras mudanças antes da medida provisória para tratar da reforma do ensino
médio. Batista acredita que a reforma seja essencial para que a qualidade da
educação evolua, “mas antes é precisar elevar o nível da educação básica”.
Outros fatores apontados como
mais emergenciais que a MP da reforma do ensino médio estão: a adesão de um
programa de políticas para a sala de aula, a contratação de professores
qualificados e a profissionalização da gestão escolar.
Quais outras mudanças precisam
ser estabelecidas? Além da melhora da estrutura, o “governo precisa parar de
querer arrumar tudo ao mesmo tempo”. Ao mesmo tempo, segundo ele, o principal
desafio do Ministério da Educação é fazer com que os alunos permaneçam na
escola até o fim.
A atual crise política que assola
o país tem interpretação dúbia quando o assunto é educação: representa
oportunidade e dificuldade ao mesmo tempo. “Com base aliada rachada, fica
difícil emplacar todas as mudanças necessárias. Porém, por ser um governo de
transição, o governo pode ousar mais e propor medidas menos populares por não
pretensões de se reeleger”, diz Batista.
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