COM CRISE NO FIES, NÚMERO DE NOVOS ALUNOS NO ENSINO SUPERIOR CAI EM 2015
O número de novos alunos no
ensino superior no país teve, no ano passado, a primeira queda desde 2009. O
mau resultado foi puxado pela redução de ingressantes nas instituições
privadas.
Os dados constam em resumo do
Censo da Educação Superior de 2015, divulgado nesta quinta-feira (6) pelo MEC
(Ministério da Educação).
Entraram na universidade no ano
passado em cursos presenciais de graduação 2,2 milhões de estudantes, 7% a
menos do que em 2014, quando registrou-se 2,4 milhões de novos alunos. A rede
privada, que concentra o maior volume das matrículas, recebeu 1,7 milhão de
novos alunos no ano passado -contra 1,9 milhão um ano antes (redução de 8%).
O ingresso na rede pública ficou
estável entre os dois anos. Foram cerca de 1 milhão de novos alunos em 2014 e
também em 2015.
A diminuição de matrículas
ocorreu ao mesmo tempo em que o governo federal restringiu o acesso ao Fies
(Financiamento Estudantil). "Podemos inferir que a restrição no Fies teve
muita influência nisso, porque no início de 2015 a crise ainda não dava sinais
muito fortes", diz Sólon Caldas, diretor da Abmes (Associação Brasileira
das Mantenedoras do Ensino Superior).
Após oferecer 713 mil vagas em
2014, o número de contratos firmados em 2015 caiu para 287 mil (ainda no
governo Dilma Rousseff). No primeiro semestre deste ano, 148 mil contratos
foram firmados, o que representa 41% das vagas anunciadas pelo governo.
Não há informações sobre quantas
vagas serão oferecidas no Fies no próximo ano. O governo Michel Temer (PMDB)
não renovou os contratos neste segundo semestre e deve às instituições valores
em torno de R$ 5 bilhões, segundo representantes das instituições. "No
Brasil, quem pode pagar, já está estudando. Os mais pobres precisam do
financiamento", completa Caldas.
Apesar da queda de novos alunos,
o número total de alunos na graduação cresceu 3%. Passou de 7,8 milhões para 8
milhões (incluindo cursos presenciais e à distância).
Desse total, 76% dos alunos (6
milhões) estão em instituições privadas. É a maior proporção já registrada -no
ano passado, eram 75%.
O ensino à distância teve redução
de 5% novos alunos. Passou de 727 mil em 2014 para 694 mil em 2015. Mas o
volume de matrículas aumentou e a proporção de alunos nessa modalidade sobre o
total chegou a um recorde histórico.
Os 1,39 milhão de alunos em
cursos à distância no ano passado representam 17,4% do total de alunos na
graduação. Em 2014, eram 1,34 milhão de alunos (17,1% do total).
As informações do Censo mostram a
diferença de perfil de alunos da graduação à distância e presencial. Enquanto a
média de idade dos ingressantes em cursos presenciais é de 18 anos, na
modalidade à distância os alunos entram com 27 anos. A maioria em cursos de
formação de professores. No presencial, a escolha mais comum é por cursos de
bacharelado.
No geral, a maioria dos alunos é
mulher, mas entre os professores de ensino superior são os homens que
predominam. Ainda com relação aos docentes, há uma diferença de perfil entre
rede pública e privada.
Nas instituições públicas, os
professores têm em geral doutorado e trabalham em regime de tempo integral.
Professores com mestrado e com dedicação em tempo parcial compõem o perfil mais
comum na rede privada.
Comentários
Postar um comentário