Governo reduz em 33% limite de gastos com despesas não obrigatórias
O governo
federal publicou no Diário Oficial da União desta quinta-feira (8) um decreto
que reduz em 33% o limite de gastos com despesas discricionárias (não
obrigatórias) de órgãos, secretarias e ministérios do Poder Executivo. O corte
na execução orçamentária representa um bloqueio mensal de R$ 1,9 bilhão.
Segundo o
Executivo, a medida visa a enfrentar “incertezas sobre a evolução da economia,
o cenário fiscal e o calendário do Poder Legislativo, que só retoma as
atividades em fevereiro.”
Como a Lei Orçamentária
de 2015 (Loa) ainda depende de aprovação do Congresso Nacional, o Executivo, de
acordo com a legislação, só poderia gastar mensalmente 1/12 do total de
despesas previstas no Projeto de Lei Orçamentária 2015 (PLOA 2015).
“Medida prudente”
Vice-líder do
PT, o deputado Paulo Pimenta (RS) considera a medida prudente diante da falta
de um orçamento aprovado e de um cenário macroeconômico indefinido. “É normal
que o governo tome precauções no sentido de fazer com que as despesas se
realizem à medida que a receita for se concretizando”, disse.
Na avaliação
de Pimenta, a medida ainda tem um componente político importante, porque,
segundo ele, revela ao mercado e à sociedade o compromisso do governo de
reduzir seus gastos.
Aperto
O decreto
publicado nesta quinta-feira sinaliza um aperto ainda maior no limite de gastos
do governo até que a Lei Orçamentária seja aprovada. O texto limita as despesas
não obrigatórias não a 1/12, como prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias de
2015, mas a 1/18 da dotação prevista no projeto de lei orçamentária (Ploa) de
2015, representando um corte orçamentário de 33%.
O Ministério
da Educação, por exemplo, como é a pasta que tem maior volume de gastos ditos
discricionários, terá os gastos mensais limitados a R$ 1,1 bilhão. No total, as
despesas discricionárias mensais de custeio dos órgãos da administração direta,
fundos e entidades do Poder Executivo ficarão limitadas a pouco mais de R$ 3,7
bilhões.
Campanha eleitoral
Para o
vice-líder do PSDB, deputado Nilson Leitão (MT), o anúncio de cortes no
orçamento antes mesmo de sua aprovação pelo Congresso demostra que o governo se
planejou apenas para a campanha eleitoral.
“A eleição era
algo fictício, era uma fantasia de Brasil, agora é a vida real e agora o Brasil
vai pagar caro por isso”, disse Leitão. “Ou ela [Dilma Rousseff] é bipolar ou
está sendo uma grande atriz, ao tentar se promover com a proposta [de
austeridade] que era do seu adversário”, completou.
As limitações
impostas pelo decreto não atingem despesas com obrigações constitucionais da
União, dotações destinadas à aplicação mínima em ações e serviços de saúde,
bolsas de estudo, ações de prevenção a desastres, formação de estoques ligados
ao programa de garantia dos preços mínimos, importação de bens ligados à pesquisa
científica, concessão de financiamento estudantil, entre outros.
Reportagem –
Murilo Souza
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