EDUCAÇÃO: Belém tem 120 mil crianças fora da escola
A estimativa é
que cerca de 120 mil crianças de zero a cinco anos estejam fora da escola no
município de Belém atualmente. É uma situação preocupante e de extrema
deficiência.
Há 10 anos que
não se ergue uma creche sequer em Belém, apesar do governo federal ter
instituído o programa Pró-Infância para a construção dessas unidades, onde a prefeitura
entra com os terrenos e o governo federal com os recursos.
Belém, que
teria direito a construção de 79 unidades pelo programa desde 2011, não
construiu nenhuma, sendo o município mais atrasado proporcionalmente em relação
aos demais municípios, o que revela uma incompetência das últimas gestões
municipais em Belém.Se a prefeitura fosse abrigar todas as crianças de zero a
cinco anos que estão fora das creches no município, teriam que ser construídas
237 unidades.
“Em dois anos
a atual gestão não fez nada nessa área e apresentou apenas dois terrenos para a
construção, que foram reprovados. Dificilmente algo será feito nos próximos
dois anos”, coloca a vereadora Sandra Batista (PC do B). Para tentar vencer
esse déficit a prefeitura mantém hoje, segundo a vereadora, as chamadas
“subvenções”, onde realiza convênios com centros comunitários e associações de
moradores onde existem escolas municipais em condições extremamente precárias.
“São na sua
maioria casas pequenas de madeira, baixas, quase sem acomodações. Temos 50
locais nessa situação na cidade abrigando 194 turmas com 3.861 alunos
abrangendo Jardim I e II”, revela a vereadora.
A prefeitura
também viabiliza Unidades de Educação Infantil (UEIs) em prédios alugados de
associações e centros que beneficiam crianças de zero a cinco anos (Jardim I e
II): são 33 localidades precárias com 132 turmas abrigando 2.978 alunos.
“São quase
sete mil crianças nessas condições precaríssimas. As creches de zero a três
anos com berçário praticamente não existem no município. A maioria é para
crianças de quatro a cinco anos para o Jardim I e II. Um percentual enorme de
crianças está fora dessas unidades”, contabiliza Sandra.
As duas
gestões de Duciomar Costa e a atual de Zenaldo Coutinho até chegaram a
cadastrar no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (SIMEC),
vinculado ao Ministério da Educação (MEC), 17 terrenos para a construção das
unidades, mas a maioria foi reprovada ou está em diligência atualmente.
“Quando
cheguei no MEC em Brasília o pessoal do MEC me perguntou porque Belém não fazia
creches! O atual prefeito disse que não as construía por falta de terreno. Foi
aí que resolvemos desenvolver a campanha ‘Eu Quero Creche’ para que a população
nos ajudasse a encontrar esses terrenos”.
Com a ajuda a
campanha conseguiu identificar 11 terrenos viáveis em vários bairros como
Marambaia, Pedreira, Icoaraci, Outeiro, Tenoné, Maguari, entre outros.
Apenas um foi
reprovado, localizado no centro de Belém. “Entregamos essa relação para a
Secretaria Municipal de Educação em abril do ano passado para avaliação e
estamos acompanhando para ver o que acontece. Os terrenos existem e outros
podem ser desapropriados pelo poder público. Tudo depende da vontade do gestor.
Dinheiro para fazer existe. Agora o sistema do SIMEC vai abrir novamente e
vamos ver o que o prefeito fará”, espera.
A falta de
creches para que mães possam deixar seus filhos, diz Sandra Batista, impacta
principalmente no aumento da violência entre crianças e pré-adolescentes.
“As mães
dessas crianças precisam trabalhar, muitas são chefes de família e ajudam seus
maridos na complementação de renda e não têm onde deixar seus filhos que, ou
ficam com o irmão mais velho trancados dentro de casa ou deixados aos cuidados
de pessoas despreparadas. O resultado é que essas crianças vão muito cedo para
a rua”, relata.
A creche, por
seu lado, traz uma cultura de paz e coloca a criança num espaço de convivência
harmônico que ajuda a construir a sua personalidade. “Hoje o que vemos na
cidade, essa violência absurda com mortes todos os dias e a existência de
milícias decorre principalmente do fato da precocidade das crianças nas ruas,
desde a tenra idade, convivendo com o criminoso e o traficante que se tornam no
modelo a ser seguido. As creches são fundamentais para reduzir o impacto dessa
violência”.
Até 2011 o
Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec), vinculado ao
Ministério da Educação (MEC), estimava que a falta de vagas em creches de 0 a 3
anos em Belém beirava os 88,9%. - Para a faixa de crianças entre 4 e 5 anos, o
déficit é de 39,2%;- Para suprir a demanda educação infantil, seria necessário
construir mais 237 unidades apenas na capital.
O atendimento
de crianças em creches e pré-escolas é um direito garantido pela Constituição:
a Educação Infantil é um dever do estado desde 1988;- O Plano Nacional de
Educação (PNE) estabelece que até 2016 o Brasil dever universalizar a educação
infantil de 4 a 5 anos.
Até 2020 pelo
metade das crianças brasileiras de 0 a 3 anos têm que contar com vagas de
educação infantil.
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