HISTORIADOR ATRAVESSA ESTADO DO MATO GROSSO DISTRIBUINDO LIVROS EM CIDADES ISOLADAS E DO PANTANAL!!
A bordo de sua camionete Rural ou de sua Kombi
"transformada" em livraria, o historiador Clóvis Matos, 62, tem uma
missão todos os meses: distribuir livros em cidades isoladas e do pantanal.
A ideia do projeto surgiu há 15 anos, em Cuiabá, quando era
diretor de marketing de uma livraria e criou um espaço de leitura para que o
público tivesse acesso a trechos das obras. Matos observou que muitos leitores
iam várias vezes ao local. "As pessoas concluíam a leitura na própria
livraria, porque as obras eram caras. Então pensei que deveria fazer algo para
facilitar o acesso aos livros para quem não tinha condições financeiras",
afirmou.
A paixão pela literatura surgiu ainda na infância, quando
hóspedes do hotel de sua família lhe apresentavam livros. Ele morava em Iporá,
em Goiás, onde não tinha acesso às obras, e aquele primeiro contato foi o
despertar do gosto pelo tema. A leitura o levou a formar-se em história e o
ajudou a passar em um concurso de técnico administrativo da UFMT (Universidade
Federal de Mato Grosso).
Em 2005, três anos após ter a ideia, surgiu o Inclusão
Literária. Com recursos próprios, o historiador comprou a camionete Rural
Willys verde, intitulada Furiosa, e uma Kombi. Ele reuniu diversos livros e
passou a levar a iniciativa a municípios de Mato Grosso, entre eles os mais
afastados, como Juína (735 quilômetros da capital).
Nos quase 12 anos de projeto, Matos percorreu mais de 80 mil
quilômetros e distribuiu cerca de 50 mil livros para pessoas de todas as
idades. Ele aproveita a aparência de "bom velhinho" para ser Papai Noel
em shoppings de Cuiabá no fim de ano e diz usar esse ganho extra para
contribuir na difusão da literatura. Nos finais de ano, também distribui
brinquedos nas comunidades visitadas.
"O principal objetivo é facilitar o acesso à leitura e
levar as obras para quem vive em regiões distantes."
O projeto teve auxílios pontuais do poder público. Os
valores utilizados por Matos para manter a iniciativa partem de seu próprio
bolso ou da ajuda de parceiros. "Em Cuiabá é mais difícil conseguir apoio
a projetos assim, porque somos considerados periferia. Se fosse no Rio de
Janeiro ou em São Paulo, conseguiria recursos mais facilmente."
Para o historiador, os maiores incentivadores são as pessoas
que doam os livros. "Eu mesmo vou buscar a maioria das obras nas
residências, mas há também aqueles que trazem na minha casa."
FOGO
Em 2015, um acidente quase interrompeu o projeto. Um
incêndio, ocasionado por um curto-circuito, atingiu a casa que abrigava os
livros doados para o programa de Matos.
Ninguém ficou ferido, mas cerca de 10 mil obras foram
atingidas pelas chamas.
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