CRISE: PROFESSOR PEDE EMPREGO APÓS TRÊS MESES DE SALÁRIO ATRASADO!!
Sem salário há quase três meses (e com atraso também no 13º
salário e nas férias de 2016), o engenheiro químico Evandro Brum Pereira, 61,
resolveu postar neste domingo (11) uma foto pedindo trabalho –e a imagem acabou
viralizando nas redes sociais.
Na imagem feita pela filha do docente, Thais, 19, Pereira
descreve um currículo impecável e deixa o celular para ofertas de trabalho.
“Recebi muitas ligações de gente pedindo a minha conta bancária para fazer um
depósito”, disse ao Abecedário. “Fiquei emocionado.”
A proposta do docente ao divulgar a imagem, diz, foi fazer
uma manifestação. “As pessoas precisam saber que docentes e funcionários da
UERJ estão sem salário há meses. Alguém precisa resolver essa situação.”
O engenheiro químico conta que deixou a iniciativa privada
na década de 1990 no setor de petróleo para entrar na carreira docente.
Agora, sem salário e com uma família para sustentar, Pereira
diz que tem contas atrasadas e dívidas no cheque especial. “Estou me virando como
todos os demais docentes e funcionários da UERJ. Estamos todos com dívidas.”
Para se ter uma ideia, um docente em final de carreira com
um currículo equivalente ao de Pereira (o que inclui doutorado e pós-doc no
exterior) receberia, hoje, um salário líquido de cerca de 12 salários mínimos
ao mês. Os salários, diz, estão sem reajuste há cerca de uma década.
MÃOS ATADAS
O Abecedário conversou recentemente com o reitor da
universidade, Ruy Garcia Marques. Formado na própria universidade há cerca de
40 anos, ele disse estar de “mãos atadas”. “Estamos na maior crise financeira
de nossa história.”
Recentemente, a gestão de Marques negou uma proposta do
governo do Rio que queria reduzir os salários em 30% para atualizar os
pagamentos atrasados (a redução real seria de 40% considerando a inflação dos
últimos 12 meses). Por enquanto, não há previsão de regularização dos salários.
A crise financeira também atingiu os serviços terceirizados
da universidade, como coleta de lixo e segurança. De acordo com a bióloga da UERJ
Gisele Lobo, especialista em esponjas, muitos alunos e docentes deixaram de ir
ao campus porque estão com medo da falta de segurança, especialmente nos cursos
noturnos. “Já o meu lixo eu levo para a minha casa”, diz Gisele.
Mesmo sem salário, Pereira, Gisele e outros servidores
seguem trabalhando para não prejudicar os alunos –são cerca de 25 mil
estudantes na graduação e na pós.
Comentários
Postar um comentário