ABSURDO: GOVERNO TEMER QUE IMPOR LIVRO DIDÁTICO SEM BASE CURRICULAR APROVADA!
O governo Michel Temer quer contemplar na próxima compra de
livros didáticos uma versão não definitiva da Base Nacional Comum Curricular. O
texto da Base segue em análise no CNE (Conselho Nacional de Educação), mas o
próximo edital de livros prevê o uso de sua terceira versão, ainda não oficial.
A Base, construída desde 2014, prevê o que os alunos da
educação básica devem aprender a cada ano. É apontada como uma ferramenta
crucial para a melhora da educação e uma possibilidade de equidade nas escolas
do país.
Uma terceira versão foi encaminhada pelo MEC (Ministério da
Educação) em abril para o CNE. O conselho deve emitir um parecer final.
A minuta da próxima edição do PNLD (Programa Nacional do
Livro Didático) foi divulgada nesta semana. Prevê livros para alunos dos anos
iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), além de manuais de professores
dessa fase e da educação infantil.
As obras deste edital são previstas para chegar às escolas
em 2019 –depois de passar pelas fases de produção, avaliação do MEC, escolha
pelas escolas públicas e compra. O programa é organizado por segmentos e as
obras de cada etapa são selecionadas de forma separada.
O texto da minuta reconhece que a versão atual da Base não é
definitiva. "Este edital irá utilizar esta versão [da Base] como critério,
mesmo entendendo que a versão final da BNCC depende da discussão e aprovação do
Conselho Nacional de Educação e posterior homologação pelo ministro", cita
o texto.
A última edição do PNLD representou um investimento de R$
504 milhões só para os anos iniciais. Foram adquiridos 57,4 milhões de livros.
A iniciativa do MEC é criticada por educadores e membros do
CNE, além de causar incômodo no setor que produz os livros. O receio é investir
na produção de obras à luz de uma versão curricular que pode passar por
mudanças.
O prazo apertado para a adaptação é outra preocupação. O
edital devia ter saído no início do ano, e os editores deverão ter 120 dias
úteis para elaboração dos materiais.
PROCESSO
O entrave é que o CNE pode mudar o texto. Um dos pontos
refere-se, por exemplo, à meta de alfabetização, definida pelo governo atual
para o 2º ano. Um grupo de educadores defende manter o ciclo de alfabetização
até o 3º ano.
Possíveis alterações serão discutidas em audiências públicas
entre julho e setembro. O conselho promete finalizar o processo ainda neste
ano.
Presidente da comissão que avalia a base no CNE, Cesar
Callegari diz reconhecer a necessidade de o MEC ter livros para o começo de
2019, mas questiona esse formato.
"Considero uma temeridade se referir a uma Base que
ainda não existe", diz. "O documento encaminhado ao CNE sofrerá
modificações e aperfeiçoamentos."
Comentários
Postar um comentário