EDUCAÇÃO: Livro didático digital é o novo desafio das escolas

                                       
      Arrasta, clica, amplia, pausa. Durante a aula, além de segurar a caneta e deslizar sobre o papel, os dedos deixam marcas nas telas de tablets. A tecnologia a um toque transforma a dinâmica do aprendizado.    O quadro é parcialmente coberto por uma tela branca, onde o Professor exibe textos, vídeos e fotos.
       Os Alunos acompanham, os olhos fixos em seus compputadores portáteis ou celulares. A substituição da velha fórmula "cuspe-giz" por combinações de números binários capazes de transportar os Alunos para um mundo totalmente novo levanta mais uma discussão sobre o papel da tecnologia na sala de aula. A nova fronteira é o uso de material didático digital, e cada Escola - poucas, na verdade - vem fazendo suas experiências para se apropriar desta forma de aprendizado.
      O CEL é um dos poucos colégios onde os livros didáticos já surgem sobre as carteiras em versões digitalizadas. Podem ser acessados em tablets, computadores e celulares, abrindo a possibilidade de o Aluno explorar hiperlinks, indo muito além das estáticas páginas impressas.
      Hoje, 90% dos livros usados no Ensino médio da Escola são digitalizados. Apenas os de inglês e espanhol não o são, por falta de títulos no mercado. Basicamente, o Aluno compra o livro didático tradicional e recebe uma chave de acesso para sua versão virtual. Mas cada estudante tem a opção de ir para a aula com um livro impresso ou um aparelho eletrônico na mochila. Alguns deles temem ser roubados no trajeto para a Escola, ou quebrar o equipamento usado para acessar o livro digital, e resistem à novidade.
      Os Professores, porém, incentivam o uso das publicações virtuais, devido aos recursos que elas oferecem. Os termos destacados nos livros impressos por letras em negrito, por exemplo, nelas vêm sublinhados em cores diferentes. Numa das obras usadas no CEL, quando se clica em determinadas palavras, links são abertos na tela, mostrando mais conteúdo. Coordenador e Professor de geografia da Escola, Maurício Novaes é entusiasta da mudança de paradigma.
- Incentivo o uso da tecnologia para a pesquisa, para complementar o estudo em sala. Eu ainda sinto uma certa resistência a esse meio digital por parte dos Alunos. O conteúdo é o mesmo, mas com a opção de filmes, vídeos e gráficos - conta Novaes.
Para o Aluno Pedro Henrique Brandão, uma das vantagens é a redução do peso.
- Dependendo do dia, e das matérias que temos, a mochila fica muito pesada. Trazer o tablet facilita, porque está tudo nele - diz.
Para Educadores como Andréa Ramal, a entrada da tecnologia na sala é vista como positiva e necessária para a transformação da relação entre Professor e Aluno, o que, consequentemente, reestrutura o ambiente Escolar:
- Este é o ambiente de aprendizagem no qual o Aluno constrói o conhecimento hoje. A hipertextualidade é algo que faz parte da rotina das crianças da geração Z. O Aluno pode ser autor do conhecimento. Em um aplicativo digital, não existe início e fim; é ele que vai construir sua trilha. A tendência é formar pessoas mais protagonistas e críticas, capazes de pensar por si mesmas.
        A geração Z, porém, vê desafios no uso dos livros didáticos digitais, como resistir às tentações do acesso às redes sociais e aos sites que estão longe de ter conexão com as matérias.
- O tablet pode te distrair, porque tem vários aplicativos. Com o livro impresso, não tem como fugir daquele assunto - observa Matheus Bragança.
       Quem é pego fazendo uso indevido dos aparelhos no CEL sai de sala e recebe advertência. O grande problema, aponta o Professor Novaes, são justamente os fins não didáticos:
- Quando eles trazem o celular, ficam no Facebook, no WhatsApp. Acho que há uma certa competição entre a pedagogia e as redes sociais. Eles têm a tentação de fugir do campo da matéria e perder o foco da aula. Mas acho que daqui a pouco, quando essa cultura do livro digital estiver mais incorporada, os Professores ficarem mais motivados e os Alunos entenderem a finalidade, tudo vai funcionar melhor.
        Longe de ter uma solução na ponta do lápis ou no resultado de pesquisa do Google, Andréa Ramal afirma que este é um momento de transição para uma nova forma de se pensar. Por isso, é necessário ter paciência e disposição para experimentar:
- O principal sempre será a conscientização do Aluno. Não pode ser descartada a possibilidade de se colocar certas travas na rede da Escola, para que só seja possível acessar determinados conteúdos. Mas o Professor não deve se sentir num duelo (com a internet); ele sempre competiu com outros fatores. O Aluno desestimulado vai desenhar ou dormir. Se a aula não for interessante, sempre vai ter Aluno distraído.
     Este é o terceiro ano de uso de livros didáticos digitais no CEL. Em 2015, o recurso será estendido aos Alunos do fundamental II.
- Queríamos nos aproximar desta realidade dos Alunos, e conversamos muito antes da implantação. Os pais aprovam esta iniciativa de atualização da Escola, e os Professores receberam treinamento para se adaptar. Os Alunos também gostaram; mas, como alguns têm medo de trazer equipamento, pensamos em ter tablets aqui para emprestar a eles - diz May Chagas, a diretora-geral pedagógica do colégio.
  
 Fonte: O Globo (RJ)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ATENÇÃO: Saiba a data quando governo pagará R$ 97 bilhões em precatórios em 2023

Veja como será a quitação dos precatórios conforme Medida provisória no valor de 93 bilhões de reais.

URGENTE: Entenda o recuo do TCE imposto de renda precatório do FUNDEF!!