PCdoB alerta: 'Golpistas radicalizam e ameaçam a democracia'
Reunida nesta sexta-feira (17),
na sede do Comitê Central, em São Paulo, a Comissão Política Nacional (CPN)
debateu aspectos da conjuntura e os preparativos da 10ª Conferência Nacional
partidária que ocorrerá em maio.
Segue abaixo a íntegra da
resolução política.
Acontecimentos desta semana
indicam que o consórcio oposicionista neoliberal exacerbou a investida
reacionária contra a democracia e contra o legítimo mandato da presidenta Dilma
Rousseff. Como têm salientado o PCdoB e outras forças políticas progressistas,
a direita não aceitou o resultado das urnas de outubro de 2014 e, desde então,
em escalada crescente, descambou para o golpismo, seja apregoando um impeachment fajuto
da presidenta – posto que sem base jurídica alguma –, seja, como diz o PSDB,
“sangrando” a presidência e atuando para paralisar o governo. Apostam no quanto
pior melhor. Em decorrência disso, o país atravessa um curso político instável
e perigoso.
A radicalização da investida
reacionária ficou patente no último dia 15 abril. A oposição neoliberal,
representada pelos presidentes do PSDB, DEM, PPS, SD e PV, reuniu-se em
Brasília, capitaneada por Aécio Neves. E, em seguida, numa coletiva de
imprensa, esse quinteto assumiu oficial e publicamente sua condição de
golpista.
Coube ao tucano Aécio, derrotado
nas urnas, proclamar – depois de ter se reunido com grupos de direita que
promoveram as recentes manifestações de rua – que as cinco legendas acima
nomeadas estão determinadas em formalizar, em breve, um pedido de impeachment contra
a presidenta Dilma. Contudo, Aécio admite que há um “problema”: não há um
fato que tipifique um crime de responsabilidade contra a presidenta da
República.
Uma vez que a Procuradoria Geral
da República e o Supremo Tribunal Federal já firmaram a posição de que não há
nada que incrimine a presidenta, os golpistas, agora “assumidos”, põem-se
a procurar, ou melhor, a forjar o tal “ fato determinante”. Por último,
se agarraram a um processo do Tribunal de Contas da União (TCU) que investiga
se teria havido atraso nos repasses do governo Dilma aos bancos públicos,
apelidados de “pedaladas fiscais”. Atrasos da mesma natureza já
aconteceram em 2001 e 2002, no segundo governo FHC. Acontece que o
julgamento desse processo do TCU se encontra longe de se concluir, sequer se
ouviu o contraditório, e a Advocacia Geral da União (AGU)
apresentou argumentos que demonstram que nenhuma ilegalidade foi acometida,
além do que, o próprio TCU informou que a presidenta Dilma não está citada
neste processo.
Como não há fatos, os líderes da
oposição se repetem em expedientes manjados e desmoralizados. Dizem que
já “encomendaram” a juristas – obviamente de discutível imparcialidade – um
parecer que venha a dar enfeite de legalidade a essa execrável investida contra
o Estado Democrático de Direito. Por tudo isto, a direita, sobretudo, os
tucanos determinados a formalizar o pedido de impeachment, ainda
não conseguiram uma completa coesão sobre a opinião já definida por muitos
deles de que hora do golpe chegou.
Essa aceleração da marcha
golpista acontece, tal como tem se repetido desde o início da presente crise
política, em reiterada sincronia com o fluxo das investigações da Operação Lava
Jato. A detenção ocorrida nesta semana do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto –
desnecessária e arbitrária, conforme, inclusive, a opinião de juristas –,
ocorre “coincidentemente” quando Aécio já se encaminhava para amarrar em seus
ombros a braçadeira do golpe, do impeachment.
O fato é que a cada dia ganha
mais nitidez que a Lava Jato desvirtuou-se. As garantias fundamentais da
Constituição são atropeladas, a acusação equivale a culpa, ameaçando a ordem
democrática do país. Com escandalosa e renitente parcialidade e seletividade,
as investigações, as decisões judiciais de primeira instância do Paraná,
direcionaram-se contra o PT, contra a presidenta Dilma e outros partidos
da base aliada. A Lava Jato tornou-se, sim, uma espécie de poder paralelo que,
associado à grande mídia, passou a servir aos interesses das maquinações da
direita. Por isto, Fernando Henrique Cardoso e outros hierarcas da direita às
claras apostam que a Lava Jato, mais cedo ou mais tarde, haverá de apresentar o
“fato” que justifique abertura do processo de impeachment.
A investida do PSDB, da oposição,
recrudesce também em reação aos sinais de que a contraofensiva do governo e das
forças progressistas começou a se efetivar. Desde que o vice-presidente Michel
Temer foi investido pela presidenta Dilma como responsável pela articulação
política, diminuíram as tensões entre o governo e o Congresso e desencadeou-se
a possibilidade de se recompor a base no governo.
As manifestações de rua contra o
governo perderam força. E irrompeu, nas ruas e na opinião pública, forte
protesto e repulsa contra o projeto que amplia e generaliza a terceirização,
impondo um recuo à direita que já se julgava vitoriosa na sua ânsia de dar uma
punhalada nos direitos dos trabalhadores.
Na economia, começaram a surgir
boas notícias, considerando-se o quadro de estagnação que o país enfrenta, como
os dados que apontam que a inflação começa a ceder, e sobretudo a valorização
das ações da Petrobras, puxada, entre outros fatores, pela aposta que uma
grande petroleira fez na rentabilidade do pré-sal, ao adquirir – no maior
negócio internacional da década no ramo de energia e gás – uma empresa parceira
da Petrobras.
Portanto, a retomada de
iniciativa do governo e de sua base parlamentar, a resistência e a capacidade
de mobilização dos trabalhadores, das centrais sindicais e do movimento social,
é o que motivou essa exacerbação radicalizada da oposição neoliberal
contra a democracia.
Diante disto, realça a
necessidade de a presidenta Dilma e a base social e política de seu governo
redobrarem os esforços para que seja constituída uma ampla frente democrática e
patriótica em torno da defesa da democracia, do mandato constitucional da
presidenta, da defesa da Petrobras, do combate à corrupção, da retomada do
crescimento econômico com a defesa dos direitos trabalhistas e pela Reforma
Política democrática.
No ano em que a Nação comemora o
30º aniversário da conquista da democracia – três décadas do fim da ditadura
militar –, o PCdoB confia que o povo e as forças progressistas irão
rechaçar os golpistas de hoje e preservar e ampliar a democracia duramente
conquistada.
fonte: blog mardenramalho
São Paulo, 17 de abril de 2015
A Comissão Política Nacional
do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
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