EDUCAÇÃO: Professores do Distrito Federal aprovam paralisação até sexta-feira
Professores da
rede pública de ensino do Distrito Federal aprovaram no início da tarde desta
segunda-feira (23), em assembleia em frente ao Palácio do Buriti, fazer uma
paralisação até a próxima sexta-feira (27). A categoria optou pela greve em
protesto contra atrasos no abono de férias e de parte do 13º salário, redução
do número de coordenadores e alteração no calendário escolar.
A paralisação
afeta 470 mil alunos das escolas públicas do DF. A rede tem 27 mil professores,
já incluindo 3,5 mil temporários. As aulas deveriam ter sido retomadas nesta
segunda, após terem o início adiado pelo GDF por duas semanas.
A decisão foi
tomada após reunião realizada entre representantes do sindicato, o chefe da
Casa Civil, Hélio Doyle, e da secretaria de Relações Institucionais, Marcos
Dantas.
De acordo com o
Sindicato dos Professores (Sinpro), outra reunião com o GDF está prevista para
a próxima sexta. Em seguida, a categoria realiza nova assembleia. A entidade
afirmou que o governo mostrou disposição para conversar, mas não apresentou
propostas, valores ou datas.
Segundo o
diretor Washington Dourado, os professores decidiram manter a paralisação por
não aceitar a "indefinição" do GDF. "Hoje a categoria demonstrou
revolta com o governo. Sabemos que o GDF encontrou o caixa ruim, mas ninguém
acredita que não há mais nada que possa ser feito", disse ele após
votação.
"A categoria
quer garantia de pagamento dos atrasados e o governo apenas apresentou
disposição para conversar", disse. "Como o governo não definiu datas
e valores, mantendo apenas o parcelamento, não deu data ou valor da antecipação
proposta, ela foi rejeitada."
Segundo
Dourado, o governo deve R$ 120 milhões aos professores. O sindicato disse que
durante a reunião desta manhã, o governo apresentou extratos da conta geral,
demonstrando não haver dinheiro suficiente em caixa.
Professores
reunidos em assembleia na Praça do Buriti, em Brasília (Foto: Isabella
Formiga/G1)Professores reunidos em assembleia na Praça do Buriti, em Brasília
(Foto: Isabella Formiga/G1)
O sindicato
disse que o governo se comprometeu a apresentar os recursos arrecadados até a
próxima sexta e a receita prevista para entrar em março. Somente com os dados
será possível avaliar a possibilidade de antecipar os pagamentos atrasados para
março.
De acordo com o
Sinpro, o governo firmou quatro compromissos durante a reunião. O GDF deve se
empenhar em acelerar a tramitação da Antecipação da Receita Orçamentária (ARO)
para que os servidores recebam o valor em uma única parcela; estudar junto aos
sindicatos a possibilidade de antecipar os pagamentos em atraso para março;
reunir-se novamente com a categoria na sexta feira; e firmar declaração de que
não encaminhou e nem vai encaminhar proposta de restrição de direitos
trabalhistas.
PMs acompanham
protesto de professores em Brasília (Foto: Isabella Formiga/G1)PMs acompanham
protesto de professores em
As propostas
foram lidas do caminhão de som para os professores reunidos na praça. O texto
foi recebido com vaias pela categoria. Durante a votação, houve bate-boca entre
os representantes do sindicato, depois que uma mulher tentou tomar o microfone
para pedir a votação da greve. "Tivemos avanços porque o governo reabriu
diálogo, mas queremos garantias", disse Dourado.
Durante a
leitura das propostas do GDF, o sindicato informou aos professores que o
governo fez consulta a sete bancos para obter a antecipação da ARO e que uma
resposta deve ser dada pelas instituições até sexta-feira. Com a informação, a
Procuradoria do DF e as secretarias de Fazenda e de Gestão enviarão um parecer
para a Secretaria do Tesouro Nacional pedindo autorização para o repasse.
Pouco antes da
aprovação da greve, o governador Rodrigo Rollemberg disse esperar que os
professores retornassem ao trabalho nesta terça para dar início ao ano letivo.
"Nós temos um conjunto de secretários que estão dialogando com os
professores desde o início do ano. A nossa expectativa é que amanhã [terça]
possa ter um retorno normal às aulas, e estamos fazendo todo esforço possível
para que o mais rápido possível possamos pagar os atrasados", declarou.
De acordo com a
Polícia Militar, entre 5 mil e 6 mil professores ocuparam o Eixo Monumental no
início da tarde. Eles faziam uma assembleia na praça em frente ao palácio para
decidir se entram em greve, mas a reunião foi suspensa porque uma comissão se
reuniu com o secretário da Casa Civil, Hélio Doyle, para discutir uma solução
ao impasse. Após a reunião, os servidores vão retomar a discussão
Foram
convocados 240 policiais militares para reforçar a segurança no local, dos
quais 30 são do Bope. "Tentamos negociar com eles para não fecharem a via,
por não ser a melhor saída, mas eles são 5 mil, e nós, 200", disse o
coronel Marcio Vasconcelos, responsável pela operação.
Nós temos um
conjunto de secretários que estão dialogando com os professores desde o início
do ano. A nossa expectativa é que amanhã possa ter um retorno normal às aulas,
e estamos fazendo todo esforço possível para que o mais rápido possível
possamos pagar os atrasados"
As aulas dos
470 mil estudantes começaram com atraso de duas semanas. O secretário de
Educação, Júlio Gregório, justificou a mudança no cronograma escolar dizendo
que precisava reformar parte das 657 unidades de ensino. Até este fim de
semana, segundo ele, 259 haviam passado por intervenções. Outras 77 devem ter
reparos mais simples realizados ao longo do ano.
A mudança
desagradou professores, que dizem que o calendário foi imposto arbitrariamente
e trouxe prejuízos a estudantes e funcionários da área. Com a alteração, as
aulas passam a terminar em 29 de dezembro e o recesso de meio de ano, que
coincide com o período de seca, fica encurtado.
"Há uma
insatisfação com tudo isso. Não são só as pendências financeiras",
declarou a diretora do Sindicato dos Professores Rosilene Correa. "Algumas
outras medidas do governo, como a redução do número de coordenadores
pedagógicos e o fato de nem todas as escolas passarem por reforma, apesar do
adiamento, também trouxeram esse sentimento."
A Secretaria de
Educação informou que cada uma das 14 coordenações regionais de Ensino está
fazendo o levantamento da situação nas escolas para a área de planejamento. A
pasta também disse ser necessário aguardar a decisão da assembleia para se
posicionar sobre o assunto.
O DF tem 27 mil
professores na rede pública, incluindo os 3,5 mil contratados temporariamente
para cobrir as carências no início deste ano. A estimativa é que outros 3 mil
precisem ser chamados ao longo de 2015 para suprir déficits com futuras
licenças.
FONTE: G1
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