TERRORISMO: Ataque contra escola deixa mais de 140 mortos no Paquistão
Um grupo de
talibãs armados invadiu nesta terça-feira uma escola para filhos de militares
no Paquistão, cometendo um massacre que deixou 141 mortos, a maioria crianças e
adolescentes.
Cerca de cinco
horas depois do início do ataque, o Exército anunciou o fim dos combates, com a
eliminação dos seis agressores.
Muitos alunos
foram executados com tiros na cabeça, informou o ministro provincial da
Informação, Mushtaq Ghani.
Entre as
vítimas, 132 eram estudantes da instituição e nove eram funcionários do local.
Além disso, 124 pessoas ficaram feridas, entre elas 121 crianças, informou o
porta-voz do exército, Asim Bajwa.
Segundo
testemunhas, uma forte explosão sacudiu a escola pública. Depois disso, os
terroristas - que usavam uniformes militares -, percorreram sala por sala
atirando nos estudantes.
Homem carrega
estudante vítima de ataque (REUTERS/Khuram Parvez)Homem carrega estudante
vítima de ataque (REUTERS/Khuram Parvez)O ataque, reivindicado imediatamente
pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP, nas siglas em inglês), principal
grupo extremista islâmico do país, é o pior da história do Paquistão e é muito
significativo porque teve como vítimas os filhos de integrantes das forças de
ordem.
O recorde
anterior de vítimas remontava a dezembro de 2007, quando 139 pessoas morreram
em um atentado em Karachi, entre elas a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto,
que acabava de voltar ao Paquistão.
A ação desta
terça-feira ocorreu quase uma semana depois da entrega do prêmio Nobel da Paz à
jovem paquistanesa Malala Yousafzai, por sua defesa do direito das meninas à
educação.
"Estou com
o coração partido por este ato de terrorismo sem sentido e a sangue frio em
Peshawar", afirmou em um comunicado Malala, de 17 anos.
"Eu, junto
a milhões de pessoas em todo o mundo, choro por essas crianças, meus irmãos e
irmãs, mas nunca nos derrotarão", prometeu.
O
primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, decidiu visitar a escola e
denunciou uma tragédia nacional provocada por selvagens.
Mudassar Abbas,
assistente no laboratório da escola, disse que alguns estudantes estavam em uma
festa quando o ataque começou.
"Eu vi
seis ou sete pessoas que foram de sala em sala disparando contra as
crianças", afirmou.
Um estudante
que sobreviveu à ação disse que os soldados entraram para resgatar os alunos
quando os disparos tinham sido interrompidos.
"Quando
estávamos saindo da sala de aula, vimos vários corpos de colegas nos
corredores. Estavam sangrando. Alguns foram atingidos com três ou quatro
tiros", contou a testemunha.
Alvos frágeis
Esta escola,
com 500 estudantes entre dez e 18 anos, está localizada na estrada entre
Peshawar e Warsakm e faz parte de uma rede de 146 instituições para filhos de
militares. As mulheres dos soldados trabalham como professoras.
Mohamed Umar
Jorasani, porta-voz do TTP, reivindicou o ataque e disse que os militantes
usaram franco-atiradores e suicidas.
"Receberam
ordens para atirar nos estudantes mais velhos, não em crianças", disse à
AFP, afirmando que o objetivo da operação era vingar seus combatentes mortos na
ofensiva militar contra o movimento em seus redutos perto de Peshawar.
O TTP,
principal grupo extremista do país, é uma organização ligada à Al-Qaeda, que
enfrenta o governo desde 2007.
"Realizamos
uma investigação em que determinamos que os filhos de várias autoridades
militares estudam nessa escola", disse Jorasani à AFP.
O Exército
realiza há meses uma ampla ofensiva contra o TTP na região tribal do Waziristão
do Norte, situada na fronteira com o Afeganistão.
Em um
comunicado, o presidente americano, Barack Obama, condenou o ataque.
"Tomando
como alvo estudantes e professores neste ataque hediondo, os terroristas
mostraram novamente sua depravação", declarou Obama, destacando o
compromisso dos Estados Unidos com o governo paquistanês "para combater o
terrorismo e o extremismo" e promover a paz e a estabilidade na região.
Já o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que "é um ato horroroso e de
covardia atacar crianças indefesas enquanto aprendem".
O presidente
francês, François Hollande, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron,
também condenaram o ataque, e a Índia, vizinha do Paquistão, chamou a ação de
"desumana".
Para Talat
Masood, general aposentado e especialista em segurança, o ataque tem dois
objetivos: tático e militar.
"Atacaram
alvos frágeis esperando que isso tenha um forte impacto psicológico na
população. Os talibãs esperam que, atacando crianças, vão fazer com que caia o
apoio às operações militares contra eles", explicou.
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