Ministro do Supremo suspende comissão do impeachment na Câmara
O ministro
Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu hoje (8) à noite
suspender a tramitação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff
até a próxima quarta-feira (16), quando o plenário da Corte deverá julgar
pedido liminar do PCdoB sobre a constitucionalidade da Lei 1.079/50, que
regulamentou as normas de processo e julgamento do impeachment.
A decisão
impede a Câmara dos Deputados de instalar a comissão especial do impeachment
até a decisão do Supremo sobre a validade da lei. A pedido do partido, Fachin
decidiu paralisar a tramitação para evitar que atos futuros possam ser anulados
pela Corte.
Uma das
questões levantadas pelo ministro, por exemplo, e que serão analisadas pelo
plenário, foi a votação secreta realizada hoje na Câmara dos Deputados para
eleger os membros da comissão. No despacho, Fachin ressalta que a Constituição
e o Regimento Interno da Câmara não prevêem votação fechada.
A assessoria
do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informou, após
a decisão do ministro Luiz Edson Fachin, que Cunha só vai se pronunciar após
receber a comunicação oficial do Supremo a respeito do ato.
Os 26 membros
titulares e os 42 suplentes da comissão especial da Câmara criada pelo
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para analisar, dar parecer e votar
o pedido de abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff,
deveriam ser eleitos nesta quarta-feira (9), na sessão ordinária da Câmara. Os
nomes dos deputados que concorreriam à eleição deveriam ser registrados pelos
partidos até as 14h, horário do inicio da sessão. A votação seria o primeiro
item da pauta e deveria começar por volta das 17h30, quando fosse atingido o
quórum de 257 deputados.
A sessão de
votação de terça-feira, que elegeu a chapa 2, intitulada Unindo o Brasil, por
272 votos contra 199 da chapa oficial,
começou com muito tumulto, uma vez que deputados contrários ao processo
secreto de votação e ao lançamento de uma chapa alternativa para concorrer à
comissão se desentenderam com os defensores do voto secreto e da chapa alternativa.
O presidente da Câmara criticou os incidentes e afirmou que existe fórum
apropriado para as contestações e não com o uso de violência.
“Houve
incidentes desnecessários, quebradeiras, agressões, coisas que as imagens
[gravações] mostram. Alguma coisa tem que ser feita. Não se pode permitir que
um tumulto dessa natureza afete o processo legislativo normal”, disse Cunha
após a sessão. “Se alguém tem alguma contestação a fazer, tem o fórum
apropriado para fazer, mas jamais na forma de agressão, quebradeira, depredação
de patrimônio público. Tudo que está ali vai ser palco de representações que
serão feitas”, disse o presidente da Câmara.
Cunha
justificou a realização da votação secreta e disse que a eleição foi feita com
base no artigo 188, inciso 3º de Regimento Interno: “Não vejo possibilidade de
uma decisão que pode reverter isso. A eleição aberta será no julgamento do
próprio impeachment. O que houve foi uma disputa partidária interna”. Segundo
ele, a eleição da Mesa e outras eleições
são assim, sem encaminhamentos.
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