Ministra diz que alta mortalidade de jovens negros é reflexo do racismo no Brasil
A Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, afirmou há pouco que a mortalidade dos jovens negros demonstra o racismo existente no Brasil. Segundo ela, uma média de cinco jovens negros são assassinados a cada duas horas. Gomes participa de audiência pública promovida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros.
De acordo com
a ministra, as denúncias históricas que os movimentos negros fizeram de combate
ao racismo, hoje, podem ser comprovadas pelos números. Gomes informou que, em
2012, das 56 mil pessoas que morreram no Brasil, 67,9% das vítimas eram negras.
“A violência é um assunto complexo, multicausal e demanda esforços coletivos e
articulados para sua superação”, disse.
A ministra
também explicou que, nos próximos quatro anos, a gestão da Secretaria vai
priorizar projetos para a juventude negra, a valorização de mais ações
afirmativas, a defesa dos povos e comunidades tradicionais e a divulgação
internacional das ações da secretaria.
Nilma Lino
Gomes ressaltou que o governo tem estimulado diagnósticos para buscar soluções
para preservar a vida dos jovens e que as políticas públicas precisam ser
construídas com estados e municípios. “Todos nós somos responsáveis pelo futuro
dos nossos jovens. A pergunta é: que juventude é essa que o mundo adulto tem
ajudado a construir?”, questionou.
A ministra
criticou a PEC 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. “A
gente já sabe quem vai ser atingido com essa proposta”, disse, reforçando que
há muitas causas para a violência.
Gomes afirmou
que o reconhecimento público da violência letal contra a juventude negra como
uma questão de Estado representa um avanço no combate ao racismo.
Plano nacional
O presidente
da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), afirmou que um dos objetivos da
comissão é apresentar um Plano Nacional de Enfrentamento a Homicídios e
Violações de Direitos de Jovens Negros e Pobres, estabelecendo programas, ações
e metas que possam ser acompanhadas de dez em dez anos e fiscalizadas pela
sociedade civil.
“Temos que
construir um pacto contra a violência. Sabemos que as vítimas da violência têm
cor, idade e gênero: são negros, jovens e homens”, disse. Lopes também defendeu
a revisão do Plano Juventude Viva, do governo federal, para que tenha ações
mais efetivas na prevenção para reduzir a vulnerabilidade dos jovens negros.
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