Ministério da Saúde lança campanha para estimular doação de leite materno
O Brasil tem a maior rede de
bancos de leite humano do mundo, mas faltam doações. Brasília é a única cidade
onde o estoque é suficiente para atender os bebês.
Até mesmo quem não amamenta
pode ajudar doando potes de vidro porque tem hospital que chega a perder leite
por falta de recipientes. E não dá para ver cenas assim quando muitos bebês
dependem desse leite para se desenvolver com saúde.
A auxiliar de enfermagem Ivane
Barbosa Caldas preferiu não tirar o leite em casa. No banco de leite, ela conta
com uma maquininha para fazer a ordenha mecânica. Está amamentando o segundo
filho e, em seis meses, doou quase 80 litros de leite. “Primeiro, acho que é um
ato de bondade, ajuda para o ser humano. E depois, levanta muito meu ego, eu me
sinto maravilhosa e sinto um pouquinho mãe de cada bebê”, afirma.
A Evelin, que não conseguiu
amamentar logo que o filho nasceu, não acha que é exagero. “Para gente é uma
honra. É ter um filho com duas mães”, conta.
Com a amamentação, o útero
volta mais rápido ao tamanho de antes da gravidez e isso ajuda a perder peso.
Bom para a mãe, mas principalmente para criança.
Só um hospital, 45 bebês
dependem de leite de doadoras. E na Unidade de Terapia Intensiva, eles têm
urgência. É que só o leite materno, por mais que não seja da própria mãe, pode
garantir o ganho de peso e, principalmente, o desenvolvimento do sistema
imunológico. Se o bebê receber esse leite logo nos primeiros dias de vida, ele
fica mais forte e tem menos chances de desenvolver problemas de saúde.
“A mãe que amamenta e tem leite
sobrando no seu peito e é saudável, ela pode ser doadora. E é muito simples
fazer essa doação. Essa mulher, ela entra em contato com algum banco de leite,
o mais próximo da sua região, e começa a fazer essa doação”, explica a
coordenadora do Banco de Leite, Andréa Fernandes.
Os prematuros são o foco da
campanha que o ministério da Saúde lançou nesta quarta-feira (20). O objetivo é
aumentar as doações em 15%, em um ano. O Brasil tem hoje 215 bancos de leite e
98 postos de doação. Mas só o Distrito Federal tem leite materno suficiente. Em
média, os estoques do país só atendem 60% da demanda.
“É igual a amor, quanto mais
você dá, mais você tem capacidade de produzir, então isso é extremamente
importante porque o estímulo da retirada do leite aumenta a capacidade da
mulher de produzir mais leite”, explica a ministra interina da Saúde Ana Paula
Soter.
Os bancos de leite enfrentam
ainda outra dificuldade: a falta de recipientes. Um centro de coleta na Zona
Sul de São Paulo precisa de 200 frascos por mês e já chegou a perder doações,
por não ter onde guardar o leite materno. “O frasco utilizado no banco de
leite, ele tem que ser um frasco de vidro com tampa plástica”, afirma a
coordenadora do Banco de Leite Humano, Ana Cristina Abrão.
A Associação Brasileira de
Indústrias de Vidro abraçou a causa e incentiva as doações. “E qualquer um pode
doar uma embalagem de vidro que está na sua casa. Então, é fácil participar”,
diz gerente de marketing da Abividro, Claudia Zampelli.
A doação de vidros, com tampa
de plástico, pode ser feita nos bancos de leite. Alguns até recolhem os potes
na casa das pessoas. Todos os estados do Brasil têm pelo menos um banco de
leite humano.
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