PIADA DO DIA: Governo de SP quer punir os cidadãos se eles economizarem água
Parece “fake news”, mas não é. O Governo do Estado de São
Paulo quer punir os paulistas com tarifas mais elevadas cada vez que o consumo
médio de água se reduzir.
Essa é a revisão da política tarifária que a Arsesp (Agência
Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo) deverá aprovar em breve se não
houver uma reação da sociedade. A proposta, oriunda da Sabesp, é criar um
“gatilho” para reajustar as tarifas sempre que houver uma “variação anormal” do
consumo médio.
“Quando cai o consumo, a concessionária tem menos água para
cobrar e perde receita. (...) Para equilibrar, a tarifa tem de subir”, afirma
José Bonifácio de Souza Filho, diretor da Arsesp.
Foi o que ocorreu na crise hídrica de 2014/5. Com maior
consciência da população, a escassez foi enfrentada com uma redução de 20% no
consumo. Mas a receita caiu e o lucro da Sabesp recuou 53%, pois se praticou,
corretamente, uma política de desconto para quem economizava e multa para quem
desperdiçava.
Excelente política de sustentabilidade. A consciência
permaneceu e um novo padrão se estabeleceu na população. Em 2017, o consumo foi
de 129 litros por habitante/dia, 24% menor que o mesmo índice em 2013, de 169
litros por habitante/dia.
Mas a visão empresarial que orienta a Sabesp não gostou da
novidade. Em 2015, um reajuste extraordinário foi adotado para compensar a
queda no consumo. Os lucros subiram e, em 2016, os ganhos da companhia já
ultrapassavam os valores pré-crise.
Como o que orienta o governo não é sustentabilidade, mas a
perspectiva de lucro, agora querem tornar automático o reajuste cada vez que o
consumo cair. Muito didático para estimular o consumo. Mas é um desastre
ambiental.
A lógica da gestão dos recursos hídricos na região
metropolitana de São Paulo, que gera 69% da rentabilidade da Sabesp, é aumentar
o consumo para obter mais lucro.
Em vez de incentivar a economia, o governo investe em obras
bilionárias para trazer água de bacias mais distantes, para vender na região.
Isso interessa às empreiteiras, gera despesas desnecessárias
e provoca enorme desequilíbrio ambiental, como deverá ocorrer com a
transposição da água do rio Itapanhaú, em Bertioga, para abastecer a região
metropolitana de São Paulo.
Em um planeta onde a carência hídrica é uma tragédia, usar a
água com parcimônia é essencial. Apesar da abundância de recursos hídricos no
Brasil, não podemos descuidar, como as crises estão a demonstrar.
Não será contrariando a recomendação de qualquer manual de
sustentabilidade que o governador Geraldo Alckmin irá se credenciar para
disputar a Presidência do país.
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