50 PESSOAS SEM TETO CHAMAM DE CASA O CEMITÉRIO!!


O chão está forrado de penas pretas na área em que dois urubus disputam a carcaça de um cachorro morto. A cena é a recepção para quem chega ao que cerca de 50 pessoas chamam de casa: o cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo.
Quem anda pela avenida central do local, administrado pela Prefeitura de São Paulo, tem o desafio de controlar os enjoos provocados pelo cheiro de animais em decomposição. Ossos de aves se estilhaçam sob os pés conforme o caminhar do visitante. O ar de abandono é inegável ao longo dos 350 mil m² do cemitério, o segundo maior de São Paulo, com 21 mil sepulturas e gavetas, parte delas encobertas por um matagal que atinge a altura da cintura de um adulto.
O esperado silêncio do local é quebrado cerca de 500 metros após a entrada. A partir dali é possível avistar as primeiras lonas apoiadas em bambus e pedaços de madeira. Ao menos cinco barracos foram erguidos dentro do cemitério, em uma espécie de vila precária. Os abrigos, mobiliados com sofá, cadeiras, varal para estender roupas e até enfeite de flor artificial, são a casa de dezenas de pessoas.
Um espaço entre os ossários –dois paredões onde são depositadas as ossadas retiradas das covas– foi convertido em banheiro pelos moradores. Junto a dejetos humanos, havia na área vômito, restos de comida, roupas e entulho.
A presença de pragas, como ratos e baratas, é constante no local onde os sem-teto ergueram suas barracas. À noite, os insetos se multiplicam, mas a maior dificuldade é enfrentada no período de chuvas.
Durante o verão, as enxurradas molham os sofás velhos que eles usam para dormir e se reunir. Para se proteger, os moradores admitiram arrastar grandes pedras de mármore que cobrem os túmulos e dormir nas gavetas, ao lado dos caixões. Eles se recusaram a mostrar esses locais para a reportagem, mas a informação foi confirmada por funcionários.
A Prefeitura de São Paulo reconhece que “é recorrente a montagem por dependentes químicos de tendas dentro e fora do Cemitério Vila Nova Cachoeirinha para o consumo de drogas”. A administração diz que as barracas são “retiradas pelos funcionários, mas logo surgem outras no local”. Informou ainda que “aciona, sempre que necessário, o Centro de Zoonoses para tomar providências” em relação aos animais mortos e que há uma empresa responsável pela limpeza e retirada de mato da área.
A administração municipal não informou, no entanto, quanto gasta na manutenção da área, quantas pessoas trabalham ali nem desde quando existe essa ocupação dentro do cemitério, mas a reportagem sabe da presença desses sem-teto no local há pelo menos quatro anos.
Rodrigo*, 40, diz que passa pelo menos parte de seu dia no cemitério há 15 anos.
Ele conta que dorme no local, mas vai à casa dos pais, que vivem na região, todos os dias para tomar banho, almoçar e jantar. “Eu fiz um curso de hotelaria na Escola Técnica Federal. Eu fumo crack há 21 anos e queria arrumar emprego e sair dessa vida, mas eles (pais) sabem o quanto isso é impossível”

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