ENXUGAMENTO DOS RECURSOS DO FIES FAZ MEC FLEXIBILIZAR ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA!!
Um decreto do MEC (Ministério da Educação) publicado nesta
sexta-feira (26) flexibiliza as regras para a oferta de EAD (Ensino a
Distância) no ensino superior.
O documento também liberava esse tipo de aula nos anos
finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), mas o governo voltou atrás e
afirmou que vai revogar essa parte do decreto.
Publicada no "Diário Oficial" da União, a nova
regulamentação para o EAD no ensino superior tira a necessidade de autorização
prévia do MEC para abertura de polos para esse tipo de ensino. Os alunos dessa
modalidade precisam realizar atividades, como avaliações, nesses polos, o que
vincula a oferta de cursos à existência desses espaços.
Agora, as instituições que tiverem autorização do MEC para
cursos a distância terão autonomia para a abertura dos polos. O decreto prevê,
entretanto, que essa expansão dependerá dos indicadores de qualidade.
Os critérios para isso serão definidos em regulamentação
futura. Representantes das instituições privadas de ensino superior indicam
que, nas conversas com o MEC sobre essa legislação, a regra sobre quantidade de
polos por instituição estará ligada às notas nos indicadores de qualidade
garantidas pela instituição. Quanto maior a nota, mais polos a instituição
poderá abrir.
Com o esvaziamento de recursos do Fies (financiamento
estudantil do governo federal), o setor privado vê no EAD o maior potencial de
expansão de matrículas no ensino superior. As instituições privadas sempre se
queixaram da morosidade do MEC para a aprovação de polos.
Janguiê Diniz, presidente da ABMES (Associação Brasileira
das Mantenedoras do Ensino Superior), considerou a decisão uma
"modernização" do setor educacional. "Confere mais autonomia
para as instituições, desde que olhando a qualidade", diz.
"É uma atitude de vanguarda, Brasil se equipara ao que
acontece por exemplo nos Estados Unidos. Existe a avaliação e depois as
instituições tem autonomia para a expansão". Janguiê é dono da Ser
Educacional, um dos maiores grupos de educação superior do país.
Os indicadores de qualidade do ensino superior calculam hoje
as modalidades EAD e presencial de forma conjunta. Assim, não é possível
atualmente detalhar a qualidade dos cursos à distância de forma separada.
Segundo Rodrigo Capelato, do Semesp (Sindicato das
Mantenedoras de Ensino Superior), os indicadores podem ser aperfeiçoados nesse
sentido, usando, inclusive, informações que o MEC já colhe. "Vai melhorar
a ampliação de oferta de cursos, gera diversidade e maior competição",
diz.
O decreto permite que os polos sejam criados em parcerias
com instituições não educacionais. As instituições públicas que não tinham
autorização para EAD receberam credenciamento automático para a modalidade,
segundo o texto.
EDUCAÇÃO BÁSICA
O decreto autorizava ainda a adoção de ensino a distância em
qualquer disciplina dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). A
oferta ficaria liberada para alunos que estejam "privados da oferta dessa
disciplina", o que inclui a falta de professores contratados, por exemplo.
Após questionamentos da Folha, no entanto, o MEC encaminhou
nota em que afirma que "houve erro material na redação" do artigo que
trata do tema. A retificação será enviada para publicação no "Diário
Oficial" da União na próxima segunda-feira (29).
Os termos de um decreto de 2005 (nº 5.622), que tinham sido
revogados, serão restabelecidos, segundo o MEC. Neste texto, a educação à
distância só podem ser oferecidas em duas ocasiões: complementação de
aprendizagem e situações emergenciais. O decreto desta sexta-feira ampliava o
que se chama de "situações emergenciais".
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