PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO É APROVADO,MAS SEM MENÇÕES AO TERMO "GÊNERO" E "DIVERSIDADE SEXUAL"
A Câmara de São
Paulo aprovou nesta terça-feira, 25, em segunda votação, o Plano Municipal de
Educação (PME) sem nenhuma menção ao termo "identidade de gênero".
Foram 43 votos
favoráveis e 4 contrários. O novo texto aumentou o valor de financiamento para
a educação e reduziu o número de alunos por turma, mas também excluiu todas as
menções aos termos "gênero" e "diversidade sexual".
O plano prevê
metas a serem cumpridas para a educação municipal nos próximos dez anos.
A sessão, que
durou cerca de sete horas, teve protesto durante toda a tarde, tanto de
manifestantes de movimentos LGBT como de entidades religiosas. Com carros de
som, os dois grupos bloquearam à tarde a pista da esquerda no Viaduto Jacareí,
em frente à Câmara. Ao final da votação, um grupo de 15 vereadores segurou uma
camiseta com a frase "somos família", enquanto os manifestantes de
entidades religiosas os aplaudiam e gritavam "família".
Os vereadores
consideraram o resultado da votação como uma "vitória da família" por
ter excluído as metas com menção ao gênero. "É direito da família criar os
seus filhos. Não devemos renegar a educação das crianças ao governo. Os pais é
que devem decidir como educar seus filhos", disse a vereadora Edir Sales
(PSD).
Votaram contra
o projeto os vereadores Cláudio Fonseca (PPS), Toninho Vespoli (Psol), Netinho
de Paula (PDT) e Juliana Cardoso (PT). Para Juliana, a não inclusão das metas
que previam a promoção da igualdade de gêneros é um retrocesso para o
município. "O plano foi mudado de uma forma preconceituosa excluindo os
grupos que mais precisam ser ouvidos. Usam o termo ideologia para propagar
visões equivocadas, quando o que queremos é apenas uma sociedade igualitária."
Vespoli (PSOL)
também lamentou que tenha prevalecido um plano com uma visão "limitada e
preconceituosa" sobre educação. "Sou católico, tenho minhas
convicções e não posso impô-las a todos. É preciso combater a hipocrisia da
sociedade que aceita travesti na esquina, mas não nas escolas."
A transexual
Valeryah Rodrigues, de 35 anos, criticou a decisão dos vereadores e disse
acreditar que o "padrão de exclusão" aos homossexuais e transexuais
deve continuar. "Eu larguei a escola aos 10 anos porque sofria muito
preconceito, discriminação, tinha medo de apanhar dos meninos. Fico muito
triste em saber que as crianças vão continuar sendo tratadas dessa forma, que
vão continuar sendo excluídas da educação."
Alterações
Entre as
mudanças aprovadas nesta versão do plano está a meta de repasse para a educação
de 33% do orçamento, redução do número máximo de alunos por professor, que vai
variar de 7 a 30 estudantes, dependendo da série, e ainda a universalização até
2016 da educação infantil para todas as crianças de 4 e 5 anos.
O texto do
plano ganhou as metas de igualdade de gêneros na Comissão de Educação,
presidida por Vespoli, mas, ao chegar na Comissão de Finanças, a última antes
de ser levada para a votação em plenário, teve a retirada dessas metas. Com
isso, a discussão ficou fora do PME e seguiu o mesmo caminho do Plano Nacional
de Educação (PNE), que no ano passado também enfrentou resistência neste ponto,
que acabou eliminado do texto final. Texto agora
segue para sanção do prefeito Fernando Haddad (PT).
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